O Governo do Piauí realizará a desapropriação de 47 imóveis para viabilizar o projeto de revitalização e modernização do metrô de Teresina. A ação, coordenada pela Secretaria Estadual dos Transportes (Setrans), prevê o pagamento de aproximadamente R$ 9,5 milhões em indenizações aos proprietários afetados.
Segundo o diretor técnico da Setrans, Gustavo Aquino, a maioria dos imóveis que serão desapropriados são residenciais.
PRIMEIRA ETAPA
A primeira etapa do processo acontecerá no trecho entre os bairros Parque Ideal e Renascença, na Zona Sudeste da capital, e inclui 13 imóveis. As indenizações dessa fase totalizam cerca de R$ 1,7 milhão.
“São pessoas que moram dentro da faixa de domínio da ferrovia ou, então, bem próximas. A maioria consiste em imóvel residencial. Mas também têm comércios pequenos e casas abandonadas", falou Gustavo Aquino.
Ele disse ainda que foco inicial da obra é a duplicação da linha férrea existente, que atualmente tem 13,5 km e conecta o bairro Itararé ao Centro de Teresina.
Impactos e áreas abrangidas
O projeto original previa a desapropriação de 195 imóveis, mas uma reformulação reduziu esse número para 47. Além do trecho inicial, outros imóveis serão afetados em diferentes bairros ao longo da linha férrea, como Ilhotas, Mafuá, Matinha e Dirceu.
Uma das intervenções mais importantes será a construção de uma passagem inferior na Avenida Higino Cunha, que substituirá a atual passagem sinalizada. “Essa região registra muitos acidentes por conta do tráfego intenso. Será construída uma trincheira para veículos, enquanto o metrô passará por cima”, explicou Gustavo. Cerca de 27 a 30 imóveis serão desapropriados apenas nesse local.
As obras da Setrans contam ainda a duplicação da ponte sobre o Rio Poti, a substituição total dos trilhos e a reforma de cinco estações: Itararé, Renascença, Boa Esperança, Frei Serafim e Alberto Silva.
Notificação e processo legal
Assistentes sociais visitaram as famílias dos imóveis afetados, realizaram cadastros e promoveram reuniões para esclarecer detalhes sobre as desapropriações e a importância das obras. De acordo com Gustavo Aquino, não houve resistência por parte dos moradores.
“Previamente, nossa equipe cadastrou os moradores, explicou o processo e fez laudos de avaliação detalhados para determinar os valores das indenizações. Com o decreto publicado, a Procuradoria Geral do Estado agora ajuizará ações para obter os termos de emissão de posse, permitindo que as intervenções comecem”, explicou o diretor.
As indenizações são calculadas com base na avaliação técnica de cada imóvel, e o processo prevê medidas que assegurem os direitos dos proprietários e minimizem impactos sociais.
Investimentos
O investimento total na primeira etapa da obra de revitalização do metrô de Teresina é de aproximadamente R$ 200 milhões, valor que não inclui os custos de desapropriação. Atualmente, cerca de 30% das intervenções já foram concluídas, e há previsão de chegada de mais de 1.500 toneladas de trilhos TR-45 importados entre os dias 20 e 22 deste mês.
Passagem inferior na Avenida Higino Cunha
Uma das obras mais importantes previstas nessa revitalização é a construção de uma passagem inferior na Avenida Higino Cunha, próximo à Ponte Wall Ferraz. Atualmente, o local possui apenas uma passagem sinalizada, mas, devido ao alto tráfego de veículos, ainda ocorrem muitos acidentes.
Com a intervenção, será construída uma trincheira onde os veículos passarão por baixo da ferrovia. O metrô seguirá na parte superior, garantindo maior segurança e fluidez no trânsito. Segundo Gustavo Aquino, cerca de 27 a 30 imóveis na região precisarão ser desapropriados para viabilizar essa obra específica.
Resultados esperados
Ao fim da revitalização, o metrô de Teresina terá um sistema mais eficiente, com linhas férreas duplicadas, estações modernizadas e um centro de comando operacional que permitirá a otimização do transporte. A expectativa é que a duplicação e modernização reduzam o tempo de deslocamento e melhorem a qualidade do serviço para os usuários.
Com a conclusão das obras, o governo também espera atrair mais passageiros e tornar o metrô uma alternativa viável ao transporte público convencional, contribuindo para a mobilidade urbana na capital piauienses.
COMPRA DE VLTs
Em 2018, a SETRANS iniciou um contrato de financiamento que possibilitou a compra e fabricação de três VLTs, os modernos trens que operam atualmente no sistema de transporte. "Antes dessa melhoria, os trens eram bem menos confortáveis, sem ar-condicionado. Esses VLTs, adquiridos como parte do contrato de financiamento, são fundamentais para o atendimento da população, que atualmente conta com cerca de 4 mil passageiros por dia", contou Gustavo.
Com as obras em andamento, a duplicação da linha permitirá que dois VLTs possam operar simultaneamente, o que resultará em um aumento na capacidade de transporte. A expectativa é de que, com a conclusão da primeira etapa, o número de passageiros atendidos aumente para até 12 mil por dia.
Além disso, a velocidade dos trens será otimizada, passando de 30-40 km/h para até 70-80 km/h, o que diminuirá o tempo de viagem e permitirá um atendimento mais rápido e eficiente.
"As obras de duplicação da linha existente contam com a construção de um Centro de Controle Operacional (CCO) e a reforma de cinco estações: Alberto Silva, Freire Seraphim, Renascença, Boa Esperança e o Terminal Itararé. A passagem inferior da Higinocôndria também será rebaixada, facilitando o tráfego de veículos e melhorando a infraestrutura local", reforçou o diretor da Setrans.
A segunda etapa do projeto, que prevê a expansão ainda maior do sistema, será executada pela Companhia Ferroviária Logística (CFL), presidida pelo ex-governador Wilson Martins. Esta fase ainda passará por um processo de licitação, previsto para o próximo ano. Quando concluída, a segunda etapa deverá permitir que o metrô atenda até 48 mil passageiros por dia.
A integração com outros sistemas de transporte, como o terminal de livramento, também está prevista, com a construção de novas estações e a duplicação de trilhos, garantindo que tanto passageiros quanto trens de carga, que utilizam a linha compartilhada com a Ferrovia Transnordestina Logística (FTL), possam operar.