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Laudo revela novos detalhes sobre morte de jovem baleado por PM após suposta invasão em Campo Maior

A versão informada inicialmente pela Polícia Militar é de que Werick teria pulado o muro da casa vizinha e tentado entrar pela janela da residência onde estava a namorada do policial.

Francisco Werick Silva Alves, de 19 anos, foi morto no quintal de uma vizinha | Foto: Reprodução
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Uma perícia realizada pela Polícia Científica do Piauí revelou novos detalhes sobre a morte de Francisco Werick Silva Alves, de 19 anos, baleado na madrugada do dia 25 de julho no bairro Fripisa, em Campo Maior. 

Segundo a investigação, os tiros foram disparados por um policial militar que estava de folga e na casa da namorada. Em depoimento policial afirmou que Werick teria invadido a residência da mulher durante a madrugada. A família do jovem, porém, contesta essa versão e diz que ele mantinha um relacionamento com a mulher e que o policial teria flagrado os dois na casa.

Na segunda-feira (17), representantes da Corregedoria da Polícia Militar do Piauí estiveram em Campo Maior para coletar provas e ouvir depoimentos sobre o caso. A expectativa é que as informações colhidas ajudem a esclarecer o ocorrido nos próximos dias.

O QUE DIZ O LAUDO

De acordo com o laudo, a perícia foi acionada por volta das 5h25 e chegou ao imóvel às 5h47. O corpo do jovem estava no quintal da casa, já sem vida. Embora o local estivesse isolado, o relatório aponta que havia sinais de possível alteração antes da chegada da equipe técnica, o que levou o ambiente a ser classificado como “inidôneo”. Equipes do 15º Batalhão da Polícia Militar, do BEPI e agentes da Delegacia de Campo Maior permaneciam no endereço no momento da inspeção.

A casa onde o crime ocorreu não apresentava sinais de arrombamento. Werick foi encontrado caído no chão do quintal, vestindo apenas uma bermuda azul e sem sinais de luta corporal. O laudo descreve cinco perfurações por arma de fogo: uma no pescoço, três no tórax e outra no braço direito. 

Nenhum dos disparos foi feito à curta distância, já que não foram identificadas marcas de pólvora, queimadura ou tatuagem de tiro. Baseada no estado do corpo, a perícia estima que a morte tenha ocorrido entre três e seis horas antes do exame, colocando o horário provável entre a meia-noite e as duas da madrugada.

TENTOU FUGIR DO ATIRADOR

Ao analisar o quintal, os peritos encontraram manchas de sangue que mostram que o jovem ainda caminhou ferido antes de cair definitivamente. Dois estojos de munição calibre .40, compatíveis com armas usadas pela Polícia Militar, estavam muito próximos ao corpo.

Gotejamento de sangue indica que o jovem tentou fugir do atirador | Foto: Polícia Civil

Também foram recolhidos um facão com lâmina de cerca de 35 centímetros e uma arma de fogo artesanal, encontrada a mais de 14 metros do local onde Werick caiu. Ambos os objetos foram encaminhados para exames de DNA que devem indicar se o jovem teve contato com eles.

Facão que foi encontrado ao lado do corpo do jovem | Foto: Polícia Civil

Uma pia que ficava sob uma das janelas da cozinha estava quebrada, mas o laudo não define se o dano ocorreu no momento da morte ou em outro momento. Tentativas de coletar impressões digitais em portas e janelas não tiveram resultado, e a área de vegetação alta e entulho no quintal dificultou a busca por projéteis que poderiam ter ficado no chão.

Arma de fogo de fabricação caseira no local do crime | Foto: Polícia Militar

VERSÃO DO POLICIAL MILITAR

A versão informada inicialmente pela Polícia Militar é de que Werick teria pulado o muro da casa vizinha e tentado entrar pela janela da residência onde estava a namorada do policial. A mulher teria chamado o PM, que teria se envolvido em uma luta com o jovem antes de efetuar o disparo. Moradores relataram aos policiais que o jovem teria tido um relacionamento anterior com a mulher, mas esse ponto ainda não foi confirmado pela investigação.

A Polícia Civil aguarda os resultados dos exames de DNA, dos testes balísticos e o relatório completo do IML, além de depoimentos de testemunhas e do próprio policial envolvido. O caso permanece em investigação, sem posicionamento oficial da Polícia Militar sobre a conduta do PM após o disparo.

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