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Filme piauiense ressignifica a lenda do Cabeça de Cuia em reflexão sobre feminicídio

“As 7 Marias”, de Rivanildo Feitosa, estreia com exibições especiais neste mês de novembro, em Teresina

As 7 Marias, primeiro filme do diretor Rivanildo Feitosa | Foto: Reprodução/ Divulgação
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O imaginário popular do Piauí ganha novas camadas de significado com o lançamento do longa-metragem As 7 Marias, primeiro filme do diretor Rivanildo Feitosa, que propõe uma releitura contemporânea da Lenda do Cabeça de Cuia.

O documentário terá apresentação especial no dia 20 de novembro, na Vila Poty (bairro Poty Velho), e nova exibição no dia 21, no MIS – Museu da Imagem e do Som, localizado no centro de Teresina.

Há mais de um século, a história do pescador Crispim, que mata a mãe e é condenado a vagar pelos rios Poty e Parnaíba até devorar sete Marias virgens, está presente no inconsciente coletivo dos piauienses. Representada até hoje em uma escultura de nove metros no Encontro dos Rios, a lenda ganha nova vida no filme — desta vez como um espelho das violências reais que atingem as mulheres.

As 7 Marias, primeiro filme do diretor Rivanildo Feitosa (Foto/ Divulgação)

A lenda sob nova ótica

Em 2025, a Lei do Feminicídio completa 10 anos no Brasil. No Piauí, o período entre 2015 e 2025 registrou 301 casos, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública, um aumento de 20% nos últimos dois anos, uma das maiores taxas do Nordeste. Diante desse cenário, o diretor propõe um olhar crítico e simbólico.

 “Lendas não morrem, mas podem ser ressignificadas”, destacou Rivanildo Feitosa.

O documentário traz depoimentos de moradores do Poty Velho, artesãos, pescadores, historiadores e especialistas em violências domésticas, costurando o real e o mítico com elementos da cultura popular, como repente, cordel, literatura, artesanato e dança. As versões orais da lenda se misturam às experiências de quem vive à beira dos rios, onde o mito ainda circula como parte da identidade local.

“As 7 Marias” questiona a relação entre o monstro da lenda e os ‘monstros reais’ da violência contra a mulher, convidando o público à reflexão sobre o machismo estrutural e a naturalização da agressividade masculina — temas que seguem urgentes em todo o país.

As 7 Marias, primeiro filme do diretor Rivanildo Feitosa (Foto/ Divulgação)

produção

Com 70 minutos de duração, o filme tem roteiro e direção de Rivanildo Feitosa e consultoria de roteiro de Ana Abreu. A fotografia é de Dalson Carvalho, montagem de Márcio Biggly, trilha original de Lívio Nascimento e músicas de Teófilo Lima e Patrícia Mellodi. A produção executiva é de Bárbara Damasceno, com assistência de direção de Leandro Milu.

A obra tem patrocínio da PNAB 2024, por meio de edital do Governo Federal, Ministério da Cultura e Prefeitura de Teresina/Fundação Monsenhor Chaves, com apoio do Banco do Nordeste e da Elite Eventos.

As 7 Marias, primeiro filme do diretor Rivanildo Feitosa (Foto/ Divulgação)

Agenda de exibições especiais

  • 20 de novembro – Vila Poty (Poty Velho)
  • 21 de novembro – MIS Teresina (Centro)

As sessões contarão com a presença de personagens e especialistas que participam do filme. Novas datas e locais de exibição serão anunciados em breve.

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