A defesa de Thiago Mayson da Silva agora está a cargo do advogado Ércio Quaresma, conhecido nacionalmente por defender o ex-goleiro Bruno e, depois, o ex-policial militar Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, no caso do assassinato de Eliza Samudio. Quaresma assumiu o caso do estupro e morte da estudante Janaína Bezerra na quinta-feira (31), um dia antes da data prevista para o julgamento. O Júri Popular estava agendado para esta sexta-feira (1º), mas foi suspenso a pedido do advogado.
De acordo com a assessoria do Tribunal de Justiça do Piauí, o julgamento foi adiado devido à renúncia das advogadas de defesa e ao substabelecimento para outro advogado, Quaresma, que solicitou o adiamento devido à sua participação em outra audiência de um acusado sob custódia. Até o momento, não foi definida uma nova data para o julgamento, que já enfrenta o segundo adiamento. O Meionorte.com entrou em contato com o advogado, que apenas confirmou que está na defesa de Thiago Mayson.
Thiago Mayson da Silva Barbosa, de 28 anos, enfrenta acusações de estupro e assassinato da estudante de jornalismo Janaína da Silva Bezerra, de 22 anos. O crime foi cometido dentro de uma sala de estudos do curso de matemática da Universidade Federal do Piauí.
Família pede justiça
Em entrevista para a TV Meio Norte, Adão Bezerra, pai de Janaína, declarou que deseja que a condenação do acusado seja justa para a família. "O julgamento era para ter ocorrido no dia 17 de agosto e não aconteceu, adiaram para hoje. Hoje, estamos aqui para assistir ao julgamento desse indivíduo, e eu quero sair daqui com a certeza de que não vai acontecer. Estou aqui para que seja resolvido esse problema, e espero a condenação máxima dele, que ele seja julgado. Deve pagar pelo erro que cometeu."
Abalada, a mãe da jovem, Maria do Socorro, expressou que sente todos os dias a tristeza pelo sofrimento que a filha enfrentou e a dor da saudade. "Para mim, é muito triste, todos os dias são tristes. Todos os dias eu choro para ver minha filha, e com fé em Deus, ele vai ser condenado, e eu só quero justiça. Estou clamando por justiça porque ele tirou uma vida, tirou tudo da gente, tirou sonhos", falou.
Representantes da Frente Popular de Mulheres contra o Feminicídio levaram cartazes, faixas e realizaram uma manifestação em frente à 1ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Teresina. Rosa Maria Monteiro, representante do movimento, pediu apoio da sociedade para que o caso ganhe mais repercussão.
"Tudo mundo precisa olhar para o que está acontecendo diante do nosso nariz. Estamos aqui para pedir justiça por Janaína Bezerra e por todas as mulheres que são vítimas de feminicídio no estado do Piauí. Não é possível que essa dor que Janaína está sentindo, e todas nós, mulheres que estamos aqui, estamos sentindo, se perpetue. É necessário que haja um julgamento justo do acusado, que ele pague na proporção da gravidade do crime que cometeu," afirmou
Relembre o crime
Investigações do Núcleo de Feminicídio do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) apontam que a jovem foi brutalmente estuprada e morta dentro de uma sala de estudo do curso de matemática da Universidade Federal do Piauí (UFPI) durante uma calourada, na madrugada de 28 de janeiro.
O homicídio qualificado envolveu o emprego de meio cruel, uma vez que a vítima morreu por asfixia e teve o pescoço quebrado, além da qualificação por feminicídio, devido à condição de mulher da vítima. Thiago Mayson alegou que teve um encontro com Janaína durante a festa e a convidou para uma sala de estudos do curso de Matemática, onde alega ter mantido relações sexuais consensuais com a vítima.
A delegada Natália Figueiredo, à frente das investigações, revelou que Thiago cometeu atos de violência sexual contra a estudante enquanto ela estava viva e quando ela já estava morta. Natália Figueiredo também falou que o mestrando fez imagens da vítima durante o estupro, enquanto ela sangrava.
Após a conclusão do inquérito policial, Thiago Mayson foi indiciado por homicídio duplamente qualificado, além dos crimes de estupro, vilipêndio de cadáver (atos de violência após a morte) e fraude processual, devido às tentativas de ocultação de provas do crime.
A Justiça do Piauí aceitou a denúncia contra o estudante de mestrado e o processo prosseguiu na 1ª Vara do Tribunal do Júri. Thiago, que foi preso em flagrante, teve sua prisão convertida para preventiva e está detido na Cadeia Pública de Altos.
O inquérito foi concluído em nove dias, e a denúncia do Ministério Público foi apresentada em 14 de fevereiro, sendo aceita pela Justiça em 17 de fevereiro. No dia 24 de fevereiro, o acusado foi oficialmente citado pela Justiça e convertido em réu pelos crimes cometidos contra Janaína.