Em colaboração com Ananda Soares
Mesmo após ser presa na investigação que apura sua participação como mandante do assassinato e esquartejamento de Silvana Rodrigues, a blogueira Maria Clara Sousa Nunes Bezerra segue ativa nas redes sociais. Na manhã desta quarta-feira (16), ela voltou a causar polêmica ao prestar apoio a uma amiga presa durante a Operação Sintonia Feminina, deflagrada pelo Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO).
a prisão de JOSILEIA DA COSTA
A operação teve como alvo 29 mulheres ligadas ao crime organizado. Uma das presas é Josileia da Costa Freire, identificada pela polícia como responsável pelo setor de cadastros da facção criminosa. Pouco depois da prisão, Maria Clara publicou uma foto da amiga com a legenda: “Tu é doido, amiga, não tô nem acreditando. Te amo e não te largo por nada. Te avisei tanto, dessa vez a cabeça dura foi você. Mas você não está, nem nunca estará sozinha.”
A influenciadora também é apontada pela polícia como “disciplina” do Primeiro Comando da Capital (PCC), função responsável por aplicar punições internas dentro da facção.
Em outra publicação, feita dias atrás, ela escreveu: “Como não devo nada para a DRACO, não preciso ajustar meu despertador.” A frase foi interpretada como um deboche às operações policiais.
Acusação de homicídio e liberdade judicial
Segundo o delegado Bruno Ursulino, do DHPP, Maria Clara foi a mandante do homicídio de Silvana e participou da execução e do esquartejamento do corpo, ocorrido em junho de 2024. A motivação do crime seria a suspeita de que a vítima estaria repassando informações a uma facção rival.
No entanto, a influenciadora está em liberdade desde o dia 16 de junho por decisão judicial, que entendeu que não há elementos suficientes para levá-la a júri popular. O Ministério Público recorreu da decisão e aguarda julgamento do recurso. Maria Clara ficou presa por quase 11 meses.
Ligação com outros crimes
Na terça-feira (15), um adolescente apontado como envolvido no assassinato e esquartejamento de Silvana foi baleado após roubar um carro e se envolver em um acidente no bairro Dirceu. De acordo com a PM, ele era foragido do Centro Educacional Masculino (CEM) e tem ligação com o mesmo grupo criminoso de Maria Clara.
Operação Sintonia Feminina
Deflagrada nesta quarta-feira (16), a operação cumpriu 29 mandados de prisão temporária e 45 de busca e apreensão em nove cidades do Piauí. As mulheres presas são suspeitas de atuar em diversas funções dentro da facção: transporte de drogas, comunicação entre lideranças, organização de cadastros, cobranças e aplicação de punições.
O caso Silvana
Silvana tinha 21 anos e, segundo a família, apresentava transtornos mentais, fazia uso de medicamentos controlados e já havia feito acompanhamento psicológico e psiquiátrico. Ela morava sozinha e havia interrompido o tratamento algum tempo antes do crime.
O sumiço da jovem das redes sociais chamou a atenção da família, que procurou a polícia. O corpo foi localizado dois dias depois, já esquartejado. O reconhecimento foi feito pelos próprios familiares.
De acordo com a investigação, Silvana não tinha antecedentes criminais, mas mantinha amizade com membros da facção e teria comprado drogas em algumas ocasiões.