A audiência de instrução que pode inocentar Lucélia Maria da Conceição, 52 anos, acusada de envenenar os meninos João Miguel da Silva, 7, e Ulisses Gabriel da Silva, 8, foi adiada para o dia 17 de março. Conforme o advogado da mulher, Sammai Cavalcante, o Ministério Público do Piauí (MPPI) solicitou novas diligências sobre o caso.
Inicialmente marcada para o dia 23 de janeiro, a audiência será o momento em que as partes apresentarão provas e argumentos perante a juíza do caso. Lucélia foi presa em agosto de 2024 e ficou detida até 13 de janeiro, quando foi solta após um laudo do Instituto de Medicina Legal (IML) descartar vestígios de veneno nos cajus que, supostamente, teriam sido entregues às crianças.
O resultado da perícia foi liberado um dia após a prisão de Francisco Assis da Costa, padrasto da mãe das crianças envenenadas. Ele é apontado como o principal suspeito de envenenar um baião de dois que matou quatro pessoas da família no dia 1º de janeiro em Parnaíba. Agora, ele também é suspeito de matar os dois irmãos.
O QUE ACONTECEU?
Lucélia Maria foi liberada da Penitenciária Feminina de Teresina no dia 13 de janeiro, após ser detida desde agosto de 2024, acusada de envenenar duas crianças em Parnaíba, no litoral do Piauí. A decisão da 1ª Vara Criminal de Parnaíba ocorreu após a apresentação de um laudo do Instituto de Medicina Legal (IML).
O documento, elaborado cinco meses após a morte das crianças, concluiu que não havia vestígios de veneno nos cajus que, supostamente, teriam sido entregues às crianças pela vizinha.
"FUI PRESA INJUSTAMENTE"
Após deixar a prisão, Lucélia concedeu entrevista ao Meionews.com e disse que foi injustiçada. A mulher sofreu uma tentativa de linchamento e chegou ter casa incendiada por populares em Parnaíba. “Muito sofrimento, calor, chorava demais por uma coisa que eu não fiz. Fiz aniversário de 53 anos na cadeia. Eu fui presa injustamente e perdi tudo. Tá tudo destruído, até minhas roupas destruíram. Nunca dei sacola de caju para ninguém. Eu cheguei da rua e fui presa. Agradeço a Deus porque eu e meu filho não morremos”, disse Lucélia Maria.
O QUE DIZ A POLÍCIA CIVIL
A Polícia Civil informou que, no momento da prisão, havia indícios suficientes para justificar a detenção de Lucélia. Ela já possuía histórico de envolvimento em incidentes de envenenamento de animais e mantinha uma relação conturbada com os vizinhos. Durante depoimento, Lucélia admitiu ter aprendido com o irmão a usar veneno (chumbinho) para matar morcegos.
O advogado Sammai Cavalcanti disse que chegou a pedir prisão domiciliar para a mulher, mas a solicitação foi negada pelo Ministério Público do Piauí (MPPI). “Desde o início, Lucélia se declarou inocente. Fizemos um pedido de prisão domiciliar devido a problemas de saúde dela, como inchaço nas pernas, mas foi negado. Após a denúncia, pedimos a absolvição sumária devido à fragilidade das provas”.
Sobre a demora na apresentação do laudo pericial dos cajus, o advogado explicou: “A demora é um problema estatal, não da defesa. Lucélia tem poucos recursos financeiros e está pagando o advogado de forma parcelada. A perícia deveria ter sido realizada pelo estado. Após cinco meses, o laudo foi apresentado na última quinta-feira”.
Cavalcanti também destacou a ausência de provas no momento da prisão da mulher. “A negativa total de autoria de Lucélia é evidente. Não havia no processo o laudo pericial. Agora, na audiência de instrução, vamos utilizar as testemunhas do Ministério Público para demonstrar a inocência de Lucélia. Acredito que teremos uma sentença absolutória”.