A teresinense Elisangela de Oliveira se tornou engajada na causa do autismo após seu filho ser diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Diante das dificuldades enfrentadas para ter acesso à educação e acompanhamento do desenvolvimento dentro de casa, ela decidiu fundar a Associação de Familiares e Amigos de Pessoas Autistas (Prismas), que há quatro anos oferece suporte emocional, treinamento prático e oportunidades de inclusão para familiares e crianças com TEA.
O biomédico Natrício Vale Almeida é pai de Helena, uma criança de 6 anos com autismo nível 3 de suporte. Ele encontrou amparo na instituição para inclusão da filha na escola e no aprendizado dentro de casa.
“Com a Prismas, percebi que a família tem um papel decisivo no desenvolvimento educacional da criança. Ela meio que entrou em nossa casa e mostrou tudo o que precisávamos fazer para ajudar a Helena a desenvolver habilidades”, contou.
INCLUSÃO ESCOLAR: A Prismas estabeleceu uma parceria com a Prefeitura de Teresina para melhorar o atendimento às crianças com TEA na Rede Municipal de Ensino. O projeto inclui capacitação de professores e uma equipe interdisciplinar de profissionais qualificados.
Conforme Natrício, representantes da instituição foram até o Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI), na zona Norte de Teresina, e capacitou não só os professores e acompanhantes das turmas da instituição.
A iniciativa está alinhada com a Lei Brasileira de Inclusão, que determina a presença de três profissionais para o atendimento a estudantes com deficiência, incluindo autismo, na escola: atendente pessoal, acompanhante e profissional de apoio escolar.
“É muito bom a gente explicar a rotina da Helena para os profissionais que vão acompanhá-la na escola, pois isso faz com que o aprendizado seja aplicado adequadamente. Além disso, trabalhamos na capacitação da família, dentro de casa, aproximando todos para entendermos mais sobre as necessidades específicas da nossa criança”, disse o pai de Helena.
São histórias como a de Natrício e Helena que Elisângela Oliveira colhe todos os dias. Segundo ela, foi diante da falta de suporte que ela decidiu oferecer ajuda e orientação para outras pessoas.
Conforme a coordenadora do Prismas, 146 famílias são atendidas hoje, impactando a vida de mais de 3 mil pessoas.
“A Prismas começou exatamente pela dor e pela dor de ter um filho diagnosticado com autismo, de não ter e não encontrar todas as informações tão claras, tão óbvias e por não ter sido acolhida”, explicou.
SERVIÇOS E SUPORTE: A instituição oferece diversos projetos e iniciativas para auxiliar as famílias, como rodas de conversa conduzidas por profissionais qualificados, treinamentos voltados para o convívio familiar e momentos de lazer promovidos por meio de passeios pela cidade de Teresina.
A Prismas também atua levando suporte e serviços sociais para regiões mais afastadas da capital. "Realizamos um trabalho de parceria com o poder público para atender comunidades que muitas vezes estão isoladas, sem acesso à internet ou serviços básicos, como emissão de RG, passe-livre e carteirinha de autismo”, contou.
Recentemente, a entidade lançou o primeiro guia do Brasil sobre convivência com o autismo, resultado de um trabalho de pesquisa da artista e fotógrafa Ana Cândido, parceira da Prismas.
Na luta contra o capacitismo, incentiva a inclusão e valoriza o potencial das pessoas com deficiência com empreendedorismo em feiras e reuniões entre os assistidos pela entidade. Parte desse compromisso resultou na criação da 1ª Feira + Inclusão do Brasil, toda pensada e realizada por pessoas com deficiência.
Além de receber atendimento para sua filha de 6 anos na Prismas, Teresinha Sales também encontrou uma oportunidade de empreender através da associação. Atualmente, ela e o marido confeccionam bolsas, mochilas e estojos que são comercializados nos eventos promovidos pela organização.
“Nesses encontros que acontecem pela Prisma, a gente divulga nosso trabalho e também participa de várias feiras inclusivas, organizadas pela Prisma, que atendem um público nosso”, relatou Teresinha.
Além da fonte de renda, ela destaca a importância do apoio familiar no processo de diagnóstico e tratamento do autismo. Através da organização, ela recebe suporte emocional, jurídico e auxilia na obtenção de um Atendente Terapêutico (A.T.).
"Caso você seja uma mãe ou um pai de uma criança com autismo, busque por uma rede de apoio, como a Associação Prisma, que oferece todo o suporte jurídico de acompanhamento, rodas de conversa com mães e cursos para os pais. É procurar um apoio, uma base, um suporte onde você possa tirar forças”, comentou.