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Aos 67 anos, agricultor de Uruçuí conclui curso de Engenharia Agronômica pela Uespi

Josué nasceu em uma família humilde e precisou abandonar a escola ainda na 5ª série para ajudar no trabalho no campo. Para o agora engenheiro agrônomo, o diploma representa mais do que uma vitória pessoal

Aos 67 anos, agricultor de Uruçuí conclui curso de Engenharia Agronômica pela Uespi | Foto: Reprodução/ UESPI
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Aos 67 anos, o agricultor Josué de Silva e Sousa realizou um sonho que carregava desde a juventude: concluiu a graduação em Engenharia Agronômica pela Universidade Estadual do Piauí (UESPI), no campus de Uruçuí. A conquista é marcada pela perseverança e exemplo de que nunca é tarde para recomeçar e alcançar objetivos antes considerados distantes.

Filho de agricultores, Josué nasceu em uma família humilde e precisou abandonar a escola ainda na 5ª série para ajudar no trabalho no campo. Na maioridade, ingressou no serviço militar e iniciou uma longa jornada por diferentes estados, passando por São Paulo e Pará, até se estabelecer em Roraima em 1985. Mesmo diante das responsabilidades e das mudanças ao longo dos anos, o desejo de voltar a estudar sempre esteve presente.

Agricultor Josué de Silva e Sousa (Foto: Reprodução/ UESPI)

O RECOMEÇO

Em 1990, ele deu o primeiro passo ao retomar os estudos por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Mais tarde, passou a trabalhar na Secretaria de Agricultura de Uruçuí, onde contribuiu com iniciativas de impacto social, como o projeto Bioforte, ligado à irrigação agrícola, e o programa Água para Todos, que levou dignidade a centenas de famílias.

A vontade de cursar o ensino superior, especialmente na área agrícola, surgiu ainda na adolescência, mas foi adiada pelas circunstâncias. Somente em 2017, aos 59 anos, Josué decidiu enfrentar mais um desafio: prestou o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e garantiu uma vaga no curso de Engenharia Agronômica. Segundo ele, a escolha pela graduação foi impulsionada por dois fatores principais: a afinidade com o campo desde jovem e a nota do Enem, que direcionou sua matrícula ao campus de Uruçuí.

UMA jornada acadêmica QUE trouxe inúmeros desafios

Além da readaptação ao ambiente escolar depois de tantos anos, ele enfrentou dificuldades financeiras que, em alguns momentos, quase o fizeram desistir. “No começo quase desisti, mas sou apicultor e passei a trazer mel para vender. Devo muito a Uruçuí, tenho uma clientela fiel que me ajudou a seguir em frente”, relata.

Para o agora engenheiro agrônomo, o diploma representa mais do que uma vitória pessoal. “É a prova da realização de um sonho na minha vida pessoal. Na esfera profissional, é um comprovante do meu esforço e da minha dedicação. E não apenas para mim, mas para todos os cidadãos. Já dizia o célebre Rui Barbosa: ‘Uma nação se faz com homens e livros’ Isso implica em mais conhecimento e preparo para a capacitação da escolha”, afirma.

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