Acessibilidade: Programa de formação em libras do Piauí é finalista de prêmio nacional

Curso é fruto da parceria entre a Secretaria de Administração do Estado do Piauí, a Secretaria de Estado para Inclusão das Pessoas com Deficiência e a Universidade Estadual do Piauí

Iniciativa formou 46 servidores que atuam no atendimento ao público em 24 órgãos estaduais | Reprodução
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O programa “Entenda minhas Mãos”, lançado em agosto de 2023, capacita servidores públicos do Piauí na Linguagem Brasileira de Sinais (Libras). O objetivo é tornar os serviços públicos acessíveis às pessoas surdas. O programa é finalista do Prêmio Espírito Público, premiação que reconhece e valoriza profissionais públicos de todo o país.

Em um ano, a iniciativa formou 46 servidores que atuam no atendimento ao público em 24 órgãos estaduais, o que representa cerca de metade das secretarias ou instituições autônomas. Atualmente, são seis turmas com 86 alunos.

O curso é fruto da parceria entre a Secretaria de Administração do Estado do Piauí (SEAD), a Secretaria de Estado para Inclusão das Pessoas com Deficiência (SEID) e a Universidade Estadual do Piauí (UESPI). O ensino de Libras é dividido em três etapas, cada uma com duração de seis meses. As aulas são ministradas por professores ouvintes e surdos, e a grade curricular inclui linguística, fonologia e conceitos de inclusão.

A psicóloga Raquel Guedelha (gerente da Escola de Governo e coordenadora do programa) revela que, antes do “Entenda Minhas Mãos”, as interações entre servidores e cidadãos surdos eram desafiadoras nas repartições públicas devido à falta de capacitação dos funcionários em Libras. Muitas vezes, as pessoas com deficiência auditiva tinham que levar um acompanhante para facilitar a comunicação.

“A reação dos servidores que fizeram o curso é muito positiva. Eles sabem que o conhecimento de Libras é para eles, mas também consideram que o domínio da linguagem é uma atitude altruísta. Favorece o crescimento pessoal e também a participação social. São todos muito engajados”, avalia Raquel Guedelha.

Primeiro boletim

Entre os servidores formados em Libras estão policiais civis. Em fevereiro, foi realizado o primeiro boletim de ocorrência com atendimento em Libras, no qual uma pessoa com deficiência auditiva registrou a perda de um cartão de transporte. Esse resultado chamou a atenção da Secretaria de Segurança Pública, que agora quer estender o curso para servidores do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar.

Além da Segurança, gestores de outras secretarias e órgãos querem oferecer formação aos seus servidores. Atualmente, há seis turmas no nível básico. Quando os servidores não podem ir ao auditório do Núcleo de Formação Profissional Antonino Freire (NUFAF) e na Secretaria de Inclusão, o curso é levado até os locais de trabalho. Um exemplo é a área da Saúde, para a qual uma turma especial foi criada. As aulas ocorrem no auditório do Hospital Getúlio Vargas.

Segundo Raquel, a turma da Saúde tem conteúdo personalizado e materiais relacionados à rotina de atendimento dos servidores no ambiente de trabalho. A ideia é que possam recepcionar os pacientes que chegam ao local em busca de informações ou atendimento, permitindo que se comuniquem por meio de Libras e garantindo o acompanhamento adequado do paciente.

 Ampliação do projeto 

O programa será replicado para as administrações públicas municipais do estado, com o curso sendo ministrado em regime de Ensino a Distância (EaD) por meio de uma parceria com a Associação Piauiense de Municípios (APPM). 

A iniciativa conta com a colaboração da Universidade Estadual do Piauí, por meio do Departamento de Línguas da Pró-Reitoria de Extensão (PREX), para integrar conhecimentos acadêmicos no desenvolvimento do curso. Educadores especializados utilizam suas experiências para elaborar o currículo, a fim de garantir uma abordagem pedagógica consistente e adequada às necessidades reais dos servidores e dos cidadãos surdos.

Além disso, durante o curso são adotadas técnicas como simulações de situações reais de atendimento, para garantir que os servidores não apenas aprendam a língua, mas também compreendam as nuances da comunicação inclusiva.

“Iniciamos o projeto procurando pessoas para se capacitarem, agora isso mudou. Nós é que estamos sendo procurados. A missão do serviço público é atender às diversas necessidades da sociedade, buscando fortalecer os laços entre a administração pública e o cidadão, independentemente de suas limitações”, conclui Raquel Guedelha.

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