
Isolamento social, máscaras e a morte de mais de 700 mil pessoas. Há cinco anos, o mundo vivenciava um dos períodos mais desafiadores causados pelo vírus da Covid-19. No Piauí, no dia 28 de março de 2020, foi confirmada a primeira morte causada pela doença, segundo a Secretaria de Estado da Saúde. A partir deste momento, o estado passou a ser marcado pelas histórias e pelo luto vivenciado pelas famílias que perderam entes queridos.
"5 Anos da Pandemia da Covid-19"
Em uma série especial de reportagens, a jornalista Cinthia Lages do programa Notícias do Dia, da TV Jornal, da Rede Meio de Comunicação, apresenta relatos emocionantes de pessoas que perderam familiares para o coronavírus. As matérias abordam o impacto emocional, as dificuldades enfrentadas durante a pandemia e como essas perdas moldaram as vidas dessas famílias nos últimos anos, além de resgatar memórias, homenagear as vítimas.
LINHA DE FRENTE
Em sua primeira reportagem, conhecemos a história do casal Elizângela Jesus e Jame. Ambos se conheceram no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, onde ela era enfermeira e ele motorista. Eles estavam juntos 16 anos e trabalhavam na linha de frente na época da pandemia.
Em agosto de 2020, Jame testou positivo para COVID-19. A doença se agravou rapidamente, levando-o à internação no Hospital de Campanha da Universidade Federal do Piauí. No dia 10 de outubro de 2020, Elisângela recebeu a notícia que temia: seu companheiro havia falecido. “A gente começou uma luta de se adaptar com a vida sem ele, de fazer os meninos entenderem”, explicou.
Apesar da dor, Elisângela relata que se fortaleceu e se tornou pai e mãe para os dois filhos. “Eu espero cumprir os planos que eu e ele sentamos um dia e fizemos para os nossos filhos. Ver os meninos formados, ver os meninos desenvolvidos, principalmente o João, que era a nossa grande preocupação pelo falta do pelo fato do autismo, né? A gente sabe que essa história da inclusão no mundo, ainda é uma atopia, assim, uma coisa muito distante”, afirmou.
UMA BALADA PARA FRANCISCO
Uma das vítimas da doença foi Francisco Marques, um aposentado de 70 anos. Para seu filho, Maurício Santana, a perda do pai não foi apenas uma estatística, mas um momento de profunda dor e angústia. Durante a segunda reportagem, ele relembrou a dificuldade de lidar com a perda.
Foi um momento muito difícil porque a gente nunca esperava passar por tudo isso. E da maneira como foi. Então assim, eu jamais vou me esquecer desse momento. Doloroso, mas infelizmente eu não vou esquecer. Eu nunca imaginei ter essa perda, até porque a gente procurava sempre ter um controle muito grande, mas infelizmente ele veio a ser contagiado.
Em homenagem ao pai, Maurício plantou uma árvore no Bosque da Saudade, um local que representa a memória de todos que perderam a vida para a COVID-19, onde cada árvore no bosque simboliza uma vida perdida. Além disso, o filho escreveu uma balada dedicada a Francisco. “Sei que agora acabou. Dói no fundo, e passou, mas trago tudo ao meu lado”, canta.
Meu pai, ele faleceu na semana que saiu a vacina, então para mim aquilo doeu muito, porque se tivesse, se ele tivesse sido vacinado com um mês antes, a probabilidade dele falecer teria sido menor.