Por José Osmando Araújo
Os governadores brasileiros saudaram com entusiasmo e esperança o encontro que o presidente Lula teve com eles no dia de hoje, reinstaurando uma etapa de civilidade na política nacional, uma ordem normal da vida pública que foi quebrada e posta no lixo durante esses últimos quatro anos, sob inspiração e gestão do ex-presidente e muitos de seus seguidores.
Ao abrir a reunião dizendo que “precisamos garantir que a disseminação do ódio acabou”, o presidente Lula deu o tom de como as coisas na política brasileira e na administração da coisa pública andarão daqui para frente, com o interesse coletivo sendo posto em primeiro plano, acima de tudo de todos, como bem merece o povo brasileiro.
POSTURA APÓS ATAQUES
E vejam que a demonstração do presidente da República ocorre menos de 20 dias depois ter ocorrido em Brasília uma violenta e vil iniciativa de golpe de poder, quando milhares de vândalos, convocados nas redes sociais, estimulados pelo ex-presidente e financiados por empresários golpistas interessados em que a extrema-direita prevaleça sobre a nação, invadiram e depredaram as sedes dos três Poderes – o Palácio do Planalto, o palácio-sede do Supremo Tribunal Federal e as sedes da Câmara dos Deputados e do Senado da República.
INTERESSE PÚBLICO
Os 27 governadores compareceram ao encontro. Lá estavam aliados, que ajudaram a conduzir Lula ao poder, e estavam adversários políticos, que se esforçaram para permitir a reeleição do ex-presidente. A reunião de Lula com os governadores, nessas circunstâncias, serve para a retomada do debate federativo, mas tem o poder de revelar a todos um exemplo ultimamente banido da nossa convivência, qual seja o de um governo de todos para todos, com respeito à soberania do voto popular e o zelo pelo interesse público.
BRASIL VOLTA A CONVERSAR
Esse encontro deixou latente o desejo político de se ver sarada e recuperada a democracia, tão amplamente agredida e vilipendiada nos últimos tempos. Foi, seguramente, o ponto de partida para uma nova prática: o Brasil precisa voltar a conversar, mas o Brasil precisa voltar a ser decentemente governado.
BEM-ESTAR COLETIVO
Daí, terem os governadores assumido a incumbência de entregar à Presidência uma lista das principais obras paralisadas e dos mais importantes projetos de cada unidade da federação. Isso implica uma outra postura: dar aos governantes de cada Estado a tarefa de apontar o que para eles é essencial, neste momento, ao bem-estar coletivo, sem ensejar a indesejável intromissão de cima para baixo.
RETOMADA DE OBRAS
Nesse aspecto, o desejo manifestado por Lula é de retomada das mais de 8.600 obras públicas federais paralisadas no último governo, conforme indicou relatório do Tribunal de Contas da União. Paralisações que atingiram de cheio setores fundamentais, como a Educação, com cerca de 4.500 obras interrompidas.
Ao tornar público esse empenho de retomada das obras paradas, sabe Lula, e sabem também os governadores, que essa iniciativa fará revigorar empresas contratadas, repor empregos, garantir estabilidade social e permitir que a população, sobretudo as mães de família, tenham escolas, saúde e assistência asseguradas para si e seus filhos.
AFIRMAÇÃO HISTÓRICA
Ao lado de preocupações urgentíssimas, como retomar obras paradas, desenhar um novo modelo de desenvolvimento para o país, com retomada econômica e avanços sociais, e priorizar reformas importantes, como a Tributária, o Brasil deseja e precisa de compreensão e paz, de uma convivência civilizada e harmônica. É seu momento de afirmação histórica.