Dona de um sistema de transporte considerado modelo para o Brasil, Curitiba virou notícia nas últimas horas nas redes sociais por uma razão nada exemplar. Uma estudante universitária foi vítima de um ‘encoxador’ – que sujeito criminoso que se aproveita de ônibus e trens lotados para abusar sexualmente de mulheres – e resolveu não se calar.
O incidente, relatado na página da jovem na noite desta terça-feira (5), aconteceu em um ônibus biarticulado da linha Centenário/Campo Comprido, que liga dois extremos da capital paranaense. Era horário de pico e, de acordo com a vítima, ela procurou ficar em um cantinho do coletivo, quando foi alvo do agressor.
“Guardei o celular na bolsa e foi então que eu percebi que ele estava ali. Parado bem nas minhas costas, aproveitando de cada curva para se esfregar em mim. Tentei dar um passo pra frente mas ele acompanhou, continuando encostado. Não bastasse ele começou a respirar muito forte por cima do meu ombro, chegando a gemer baixinho. Tentei empurrá-lo com o cotovelo, ir para outro lugar mas não tinha jeito. Ele continuou ali, se esfregando e gemendo”.
A evidente agressão fez a jovem descer em uma estação que não era a sua, justamente na tentativa de escapar do abuso sexual. Ela chegou a chamar a atenção, ao descer do ônibus, do “velho nojento” que “deveria se envergonhar de agir desse modo em qualquer lugar que seja”. Entretanto, uma constatação ainda pior estava por vir.
“Ao descer percebi que ele não havia apenas se encostado e insinuado, ele havia ejaculado na minha saia, e então eu desabei. Agora, chegando em casa, não estou feliz por tirar essas botas quentes. Agora, chegando em casa, estou limpando de mim mais um dia difícil de se chegar em casa”.
Até a manhã desta quarta-feira (6), a postagem na página da estudante, nascida no interior de São Paulo, contava com quase 34 mil compartilhamentos. A postagem, porém, já não se encontra mais disponível. Entre os muitos comentários e amigos e desconhecidos que prestavam apoio a triste constatação de que ela integra uma lista lamentável, que não é exclusiva de Curitiba.
“Eu não quero mais ligar pra minha mãe chorando, eu não quero mais ter medo de andar na rua, eu não quero mais me culpar por ser a vítima, eu não quero mais ter que pensar no tamanho da minha saia antes de sair de casa, eu não quero ter que limpar a sujeira dos outros. Desculpem o texto e a imagem mas eu tô cansada, irritada e triste, e se eu tivesse a opção desejaria nunca ter que falar sobre essas coisas. Desejaria que essas coisas nunca acontecessem”.