Um levantamento feito pelo projeto “Bem me Quer”, mantido através de parceria entre a Secretaria Municipal do Trabalho, Cidadania e Assistência Social (Semtcas) e alunos de uma faculdade da capital mostrou que os registros de violência sexual aumentaram mais de 50% em Teresina, entre 2007 e 2010.
Os resultados da pesquisa foram apresentados ontem, durante o seminário para a construção do plano operativo local de enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes de Teresina, coordenado pelo projeto Bem me Quer/Pair.
O levantamento foi realizado nos meses de setembro e outubro deste ano, e mobilizou 21 instituições ligadas à temática dos direitos da criança e do adolescente, incluindo escolas de diversas regiões de Teresina. Foram feitas entrevistas e levantamento de dados junto às entidades participantes.
Os números englobam tanto casos de abuso quanto de exploração sexual. Em 2007, foram 437 casos registrados no município. Esse número elevou-se para 586 casos no ano seguinte e, em 2009, chegou a 663, permanecendo no mesmo patamar em 2010, totalizando 2.403 casos registrados em três anos.
A secretária da Semtcas, Graça Amorim, ressaltou que esse cenário pode não representar necessariamente um aumento da violência. “Trata-se de um crescimento de registros. Ou seja, pode ser que as pessoas estejam se encorajando mais a denunciar, o que leva a um aumento dos casos registrados”, disse Graça.
O trabalho também mostrou que o local mais frequente para as agressões continua sendo o ambiente do lar. A rua e a escola aparecem com menos incidência nos registros. Ainda de acordo com o trabalho, a maioria dos agressores é composte por familiares (pais, padrastos, avós, tios). A faixa etária predominante dos agressores vai dos 15 anos 50 anos.
Além disso, o estudo informou que 53% das pessoas que cometeram esse tipo de crime estão respondendo processo. De posse dos dados, a Semtcas quer trabalhar para direcionar melhor as ações contra esse tipo de violência.
“Nosso objetivo é criar um pacto, com instituições públicas e também com entidades não governamentais, para fazer com que nossas ações sejam mais efetivas. Já possuímos um plano municipal de enrentamento da violência sexual de crianças e adolescentes, mas vamos aperfeiçoá-lo”, completou Graça Amorim.