Medo. É este o sentimento dos moradores da zona Sul de Teresina. Os constantes assaltos e as brigas pelo comando do tráfico de drogas na região reforçam a lista dos motivos que provocam a insegurança da população.
Enquanto na Vila São José, no bairro Santo Antônio, populares comentam que tiroteios acontecem até mesmo durante o dia em praça pública, a briga causada pelo tráfico de drogas também causa medo em outros bairros, como no São Pedro. No Promorar, por sua vez, os arrombamentos têm sido uma preocupação constante.
?A insegurança está muito grande. E não tem essa questão de hora. A qualquer hora eles arrombam e assaltam.
Fazem durante o dia?, comenta Antônia Francisca, moradora da região.
Lidiane de Lima trabalha em um mercadinho na Vila Carolina e constata: ?Aqui está bastante inseguro. Todo dia chega alguém aqui dizendo que teve a casa arrombada. Um dia desses um senhor que mora aqui perto chegou à noite do trabalho e encontrou a porta aberta. Fizeram um limpa na casa dele?, lembra.
A falta de segurança também é uma reclamação constante dos comerciantes. A exemplo de Francinaldo Carlos.
Proprietário de uma rede de farmácias no Promorar, ele perdeu as contas de quantos assaltos já foi vítima.
Somente no ano passado, os assaltos às suas lojas e as famosas saidinhas de banco geraram um prejuízo avaliado em torno de R$ 20 mil ao empresário. Além dos funcionários andarem temerosos, os próprios clientes temem serem vítimas.
?Eles vêm todos armados. Da última vez mandaram a gente entrar no banheiro e ameaçaram que se entrasse mais gente na loja iam matar todo mundo. Aqui a gente anda muito nervoso. Nesse dia não consegui nem segurar o copo com água de tão nervosa que eu estava?, conta Francisca Machado, funcionária da farmácia.
Como forma de tentar inibir a ação de bandidos, o empresário chegou a colocar câmeras e até segurança em frente à loja. Mesmo assim, nada adiantou. Somente este ano, já foi alvo de bandidos por duas vezes.
?É preciso ter mais polícia nas ruas. A polícia vem mas não consegue prender. Não adianta nem fazer o registro da ocorrência. Prende em um dia, mas no outro já está solto?, reclama Francinaldo.
Polícia Militar diz que vai reforçar policiamento
Na zona Sul de Teresina, além do policiamento ostensivo, policiais do Ronda Cidadão fazem a segurança na região.
No entanto, a população reclama que o efetivo policial é insuficiente.
A moradora do bairro Promorar, T. Rabelo, que preferiu não se identificar por medo de represálias, garante que já foi alvo de bandidos por duas vezes. ?Aqui não tem segurança. A polícia passa para lá e para cá, mas não resolve.
Continuamos vivendo nesta situação de insegurança?, reclama a moradora.
Segundo o comandante do policiamento da capital, coronel Albuquerque, o policiamento na região será reforçado.
?Nós estamos fazendo operações em toda Teresina para combater o tráfico de drogas e já fizemos na zona Sul com bastante êxito. E não vamos parar. Vamos continuar fazendo mais ações, já que esta é uma meta da Polícia Militar e uma exigência do secretário de Segurança do Estado?, comenta o coronel, que completa sobre o policiamento do Ronda Cidadão: ?Vamos entrar em contato com o comandante da área para reforçar a segurança?.
Zona Sul é a região mais perigosa, aponta pesquisa
Uma pesquisa divulgada esta semana pelo Sindicato dos Policiais Civis do Piauí (Sinpolpi) revelou um aumento de 139% no número de assassinatos no Estado. Em Teresina, do total de homicídios registrados no mês de fevereiro (17 casos), dez aconteceram na zona Sul, região apontada pelo estudo como a região mais violenta. Entre os motivos para tamanha violência, o presidente do Sinpolpi, Cristiano Ribeiro, aponta a questão da droga, o alcoolismo e a violência contra a mulher como as principais causas. Este último item também tem apresentado dados alarmantes, como foi revelado em outro estudo do Sinpolpi, no qual aponta que 15% das vítimas de homicídio no mês de janeiro foram do sexo feminino.
Ribeiro lembra que a pesquisa é feita com base nas informações divulgadas pela imprensa, sobretudo os portais e os jornais impressos, mas também coleta dados nos distritos policiais e no Instituto de Medicina Legal.
?O nosso objetivo com esse estudo é diagnosticar e apresentar soluções. Muita coisa precisa ser melhorada para resolver esses problemas. O aparelhamento das Polícias Civil e Militar precisa de reforço. Aumentar o efetivo, melhorar o aparato tecnológico, e, claro, implementar políticas públicas. A gente vê tantos jovens no mundo das drogas. É necessário trabalhar isso como um conjunto?, completa.