
Duas estudantes de medicina foram denunciadas na Polícia Civil de São Paulo por zombar de uma paciente, identificada como Vitória Chaves da Silva, de 26 anos, que já havia passado por três transplantes de coração e um de rim e publicar vídeo em uma rede social. O vídeo, publicado em fevereiro, viralizou nas redes sociais e chegou à família da paciente , na última quinta-feira (3).
Após tomar conhecimento, a mãe da vítima compareceu à delegacia e fez a denúncia. A Polícia Civil de São Paulo abriu um inquérito policial para investigar duas estudantes, identificadas como Gabrielli Farias de Souza e Thaís Caldeiras Soares Foffano. As jovens devem ser investigadas por injúria pelo 14° Distrito Policial, em Pinheiros, na zona Oeste da capital paulista. O vídeo foi apagado na terça-feira (8).
“A mãe da vítima foi ouvida e as diligências seguem visando o devido esclarecimento dos fatos, bem como a responsabilização dos envolvidos”, disse a Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo em uma reportagem da CNN.
VÍDEO VIRALIZOU
No vídeo, as estudantes compartilham informações sobre o terceiro transplante, realizado em janeiro do ano passado, realizado no Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e ironizam a situação da jovem: “Assim, não sei. Essa menina tá achando que tem sete vidas? Não sei”.
"A segunda vez, ela transplantou, ela não tomou os remédios que ela precisava tomar, o corpo meio que rejeitou e teve que transplantar de novo por um erro dela”, comentou a outra aluna.
A família afirma que a publicação do vídeo aconteceu sem “nenhuma autorização para fazer exposição publica desse caso clinico” e ainda destacam que as investigadas afirmam que Vitoria não tomou os remédios necessários após o transplante.
FACULDADE DE MEDICINA DA USP SE PRONUNCIA
Por meio de nota, a FMUSP informou que as estudantes envolvidas no caso são graduandas de outras instituições e estavam no hospital por conta de um curso de extensão de um mês.
“Assim que foi tomado conhecimento do fato, as universidades de origem das estudantes foram notificadas para poderem tomar as providências cabíveis”, afirma o comunicado.
“A FMUSP repudia com veemência qualquer forma de desrespeito a pacientes e reafirma o compromisso inegociável com a ética, a dignidade humana e os valores que norteiam a boa prática médica”, diz outro trecho da nota.
QUEM É A PACIENTE
A jovem Vitória Chaves da Silva morreu no dia 28 de fevereiro depois de um ano e nove meses internada no Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP).
Quando nasceu, Vitória foi diagnosticada com uma grave cardiopatia congênita chamada Anomalia de Epstein, uma doença rara que afeta a válvula do coração. A jovem de 26 anos, passou por quatro procedimentos cirúrgicos de transplantes, três de coração e um de rim. O primeiro deles foi na infância, em 2005. O segundo em 2016 e o terceiro em 2024.
Vitória morreu devido a um choque séptico e insuficiência renal crônica em fevereiro. A morte ocorreu um ano após o terceiro transplante de coração e dois anos depois de um transplante de rim, que ficou comprometido durante o tratamento cardíaco da jovem.
Com informações da CNN