Na sexta-feira passada, um jacaré entrou no estacionamento de um supermercado no bairro Primavera, zona Norte de Teresina. Esse fato assustou e despertou a curiosidade de quem passava pelo local, rendendo reflexões sobre o que esse fato representa. Muito comum na maioria das cidades que foram construídas em locais bem próximos a áreas verdes ou até em áreas desmatadas, torna-se cada vez mais frequente a presença desses animais nas áreas urbanas.
Mas o aparecimento de animais silvestres não deve ser considerado uma invasão, em especial em Teresina, cortada por dois grandes rios, que um dia foram locais para seu convívio. A presença humana e a urbanização representam perigo, como o de atropelamento e captura. Pela Avenida Marechal Castelo Branco, localizada nas proximidades do rio Poti, é comum ver animais que tentam passar pela pista, como a situação dos cágados, que quando não são salvos pelos pedestres, são atropelados por carros e motos.
O tenente-coronel Teixeira, comandante do Batalhão de Polícia Ambiental, explica esse processo.
“O homem está invadindo os ambientes desses animais. Se observarmos, os três grandes shoppings foram construídos onde eram lagoas, pois para construção dessas obras, foram aterradas, ocasionando um dano ambiental”.
Esses animais, que tiveram que mudar suas casas, hoje aparecem em residências, estabelecimentos e avenidas. A maior parte das ocorrências é das visitas inesperadas de cobras, jacarés, macacos e iguanas. Durante essa “interação” com o ambiente urbano, o comandante relata os cuidados que qualquer pessoa deve ter ao se deparar com esses animais.
“Não afugentá-lo, pois o animal não ataca por simplesmente atacar, quando faz isso é porque ele se sente ameaçado. Ligue imediatamente para a Polícia Ambiental, pois nós temos um serviço 24 horas que vai realizar o resgate, recolher o animal e colocá-lo em um ambiente essencial para ele”, conta.
Além dessa dificuldade que os animais enfrentam, criminosos ainda atuam na captura dos mais vulneráveis, realizando venda e estabelecendo um mercado clandestino de carne e criação de aves em gaiolas.
“Com os pássaros, a situação é de apreensão. A pessoa vai receber um processo no juizado sob o crime ambiental, por manter o pássaro em cativeiro, e posteriormente o animal é encaminhado para o Zoobotânico ou alguma reserva ambiental próximo a Teresina”, explica.
Muitos desses animais, por ficarem muito tempo abandonados, não têm condições de voltar ao seu estado natural de liberdade, diante disso, eles passam uma temporada em gaiolas no Zoobotânico. Com relação aos mais feridos, sejam eles resgatados de pistas ou de cativeiros, por exemplo, são encaminhados para o Hospital Veterinário.