O veterinário suspeito de estuprar uma estagiária em uma clínica veterinária da qual é proprietário negou a denúncia por meio do advogado de defesa João Fernandes na tarde desta quarta-feira (19), na Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente (DPCA), em Goiânia.
O suspeito não concedeu entrevista e deixou os esclarecimentos para o advogado de defesa. “Ele vai narrar o que aconteceu no último domingo, 16 de fevereiro. A princípio ele nega a acusação de estupro e está ‘abismado’ e 'perplexo' com a situação”, disse o advogado.
Segundo a titular da DPCA, Ana Elisa Gomes, o suspeito permaneceu calado durante todo o depoimento e se negou a fornecer material genético.
“Ele ficou em silêncio. Não respondeu às perguntas. Ele se negou a fornecer material genético, logicamente para não produzir provas contra si mesmo, nós também vamos trabalhar na investigação dessa recusa", afirmou.
A delegada disse que o suspeito e o advogado demonstraram prontidão em comparecer à delegacia, caso necessário.
Investigação
Segundo Ana Elisa, a polícia aguarda o resultado dos exames da adolescente e o depoimento de testemunhas.
“As imagens das câmeras da clínica já foram fornecidas. Nós vamos analisar, caso haja alguma informação. A vítima vai passar por exames psicológicos, que é reconhecido como trabalho pericial. E estamos ouvindo a esposa do suspeito, alguns funcionários da clínica e vamos ouvir pessoas que encaminharam a vítima para estagiar na clínica”, explicou.
A defesa alegou ainda que, quando o veterinário foi intimado pela polícia a prestar depoimento, ele decidiu se apresentar espontaneamente às autoridades.
Novas denúncias
Além da estagiária que denunciou o caso de estupro no primeiro dia de trabalho, a delegada da DPCA, Ana Elisa Gomes, alerta para a possibilidade de receber novas denúncias de assédio sexual contra o veterinário.
"Estamos aguardando ansiosamente as pessoas que procuraram a delegacia por e-mail ou telefone dizendo que são vítimas e já trabalharam com dele. As situações não são de estupro, mas de assédio sexual. Um delas, se identificou, está em São Paulo, mas disse que vai fazer uma ocorrência na delegacia mais próxima", afirmou.
O advogado João Fernandes disse que vai aguardar a denúncia das novas vítimas para tomar conhecimento das acusações antes de se manifestar.
A defesa aproveitou para reforçar que “ele [veterinário] não tem antecedentes criminais. Vamos aguardar a conclusão do inquérito”, pontuou.
Transtorno
A mãe da adolescente de 17 anos que denuncia ter sido abusada por um veterinário no primeiro dia de estágio, em Goiânia, disse que a filha está muito abalada e não tem se alimentado. Os pais prestaram depoimento à Polícia Civil nesta terça-feira (18).
“É um momento muito difícil, ela não come, não quer ir à escola. Ela está apavorada, qualquer barulho, por mais insignificante que seja, ela se assusta. Estamos todos transtornados”, disse a mãe.
Segundo a mãe, a filha contou que o estupro aconteceu quando ela estava sozinha, se preparando para lanchar. O pai da adolescente disse que quando a esposa recebeu a ligação da filha denunciando o estupro, foram até a clínica e tentaram achar o suspeito. Porém, ele já tinha deixado o estabelecimento.
"Ela ficou desconfortável com o comportamento do veterinário, achou que ele era muito invasivo, conversava tocando. Depois de alguns instantes ele deu alguns beijos nela e aquilo a incomodou bastante. Ela chegou a dizer para mãe que estava incomodada com o comportamento do veterinário e algum tempo depois acabou sendo violentada por esse profissional", afirmou.
O crime
A garota está no 3º ano do ensino médio e faz um curso técnico profissionalizante de auxiliar de veterinária e pet shop. O estágio era em regime de plantão. Por isso, ela iniciou o expediente à noite - o estabelecimento funciona 24h por dia.
Segundo a menina disse à polícia, após o abuso, ela ligou para a família e para o namorado, que foram ao local e acionaram a Polícia Militar. No entanto, o veterinário já havia deixado a clínica. O advogado dele contatou a corporação e informou que ele deve se apresentar para dar esclarecimentos ainda nesta semana.
O caso foi registrado na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). De acordo com a delegada Ana Elisa Gomes, a adolescente estranhou a atitude do veterinário logo nas primeiras horas no local.