Indígenas venezuelanos denunciam a falta de condições básicas para sobrevivência nos três abrigos mantidos pela Prefeitura Municipal de Teresina e Governo do Estado. Os refugiados relatam que estão passando fome. Mesmo com as dificuldades e riscos da pandemia, alguns saem às ruas em busca de ajuda.
A situação mais crítica é a do antigo prédio do Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Piauí (Emater), localizado na BR- 343, que abriga 108 pessoas. Vídeos enviados pela população da etnia Warao mostram refrigeradores e geladeiras quase vazias, apenas com litros de água.
Nas imagens, o índio Guerrero desabafa sobre a situação de escassez. "Não temos nada, nem frango. As crianças estão passando fome", diz o homem. Além de Guerrero, outro indígena, que preferiu não se identificar, informou que foi às ruas e contou com ajuda da população teresinense para conseguir comer.
Junior MP3, coordenador do Movimento Pela Paz na Periferia, explica que o local está há três dias sem água e a demora para abastecimento de alimentos faz parte da rotina dos venezuelanos que chegaram à capital há quase dois anos. O ativista cobra ações pontuais da Prefeitura de Teresina e dos órgãos estaduais.
Além do Emater, outros dois alojamentos, no Buenos Aires e Poti Velho, localizados na zona Norte de Teresina, também lidam com o desabastecimento.
"No abrigo, está faltando água e comida há três dias e no Buenos Aires também começou a faltar. A gente sempre tem que brigar. Eles passam três, quatro dias sem alimentação. É um frango ou dois para uma família passar uma semana", expressa Júnior MP3.
Mayra Veloso, gerente de proteção social especial da Secretaria Municipal de Cidadania, Assistência Social e Políticas Integradas (Semcaspi), indicou que o problema da falta de água no prédio do Emater está em fase de resolução e afirmou que os venezuelanos receberam apoio.
"A bomba de água queimou na segunda-feira (1). Assim que foi verificado o problema, foi realizado o pagamento para troca da peça. Em nenhum momento eles ficaram desassistidos", completa.
Quanto à alimentação dos três abrigos, a gerente de proteção social disse que houve atraso na entrega das mercadorias. "Não acabou recurso como alguns estão divulgando, foi um atraso na entrega que em breve será resolvido", disse.
Veloso informou também que equipes da Fundação Municipal de Saúde (FMS) têm atuado, junto à Semcaspi, com a distribuição de equipamentos de proteção individual (EPIs) e orientações sobre os riscos da Covid-19.