As obras da reforma do Mercado Central de Teresina, situado na região central da capital, deveriam ter sido concluídas em agosto de 2013, no entanto, as atividades continuam se arrastando, fato que deixa vendedores e clientes desacreditados. Mas para dar prosseguimento à obra, a Prefeitura vai transferi-los para a área externa.
Se com o estado atual da estrutura do Mercado Central, que se encontra bastante danificada devido à falta de manutenção, já era motivo de afastarem os clientes do comércio que ali existe, agora, com a reforma, os permissionários já sentem a grande queda nas vendas.
De acordo com Jeferson Oliveira, gerente de obras da SDU/Centro-Norte, a reforma, que está orçada em torno de R$ 3 milhões, sendo R$ 1,8 milhão em recursos próprios do município e R$ 1,17 milhões oriundo de convênio com o Governo Federal, após os atrasos, está prevista para ser concluída em dezembro deste ano.
“Este atraso foi de cerca de dois a três meses e agora tivemos outro atraso de mais quatro meses devido à demora na saída dos permissionários que ficam de frente para a Praça da Bandeira, no setor de redes e calçados.
Eles alegaram que não queriam perder as vendas de final de ano e isto acarretou nestes atrasos. Então, a nossa previsão para encerrar a obra também foi atrasada em quatro meses, de forma que deveremos concluí-la até o mês de dezembro”, esclarece Jeferson Oliveira.
Para o gerente da SDU/Centro-Norte, a demora também se dá por se tratar de um patrimônio cultural de Teresina, requer maior cuidado e atenção na restauração e na reabilitação das paredes do prédio.
“A obra no Mercado Central não é uma obra comum, trata-se de uma restauração e uma reabilitação, ou seja, como aquele prédio faz parte do patrimônio cultural de Teresina, os procedimentos adotados durante a obra têm que ser mais cuidadosos, porque estamos trabalhando com paredes muito antigas e que necessitam de um cuidado todo especial”, pontua Jeferson Oliveira.
A Superintendência da SDU/Centro-Norte aponta ainda a demora da reforma, a permanência dos permissionários na localidade e, ainda, o problema de acesso dos caminhões com materiais de construção que só podem transitar durante a noite, para não atrapalhar o trânsito intenso na região do Mercado.
Dez boxes são montados para manter vendas
Sem condições de manter todos os permissionários no prédio do Mercado Central, durante a reforma, a SDU/Centro-Norte, está disponibilizando 10 boxes de vendas, oriundos do Shopping da Cidade, para que o comércio seja mantido. A estrutura será montada em frente ao Mercado Central.
Para Paulo Barros, administrador do Mercado Central, com a transferência dos permissionários aos boxes, o prédio estará disponível para que a empresa possa concluir a reforma e garante ainda que com a reforma, as vendas não caíram muito.
"A reforma já está andando. Fizemos 10 boxes, que já começaram a funcionar temporariamente, na frente do Mercado Central, na Praça da Bandeira, para não interferir nas vendas e também para liberar o prédio, que agora já está desocupado e disponível para a empresa continuar a reforma. As vendas não caíram muito, mas reduziram, assim como no comércio em geral", afirma Paulo Barros.
No entanto, não é o que dizem os vendedores visitados pela equipe do Jornal Meio Norte, que afirmam que as vendas caíram bastante com a reforma no local e uns temem até a saída definitiva do local. Como é o caso de uma vendedora que não quis se identificar:
"Com essa lentidão toda [da reforma], a gente fica até com medo de tirarem a gente de vez daqui, como fizeram com os camelôs que hoje estão no Shopping da Cidade", desabafa a vendedora do Mercado Central.
Com tais dificuldades e atrasos na reforma há quem esteja otimista, como é o caso de Genivaldo, vendedor de redes, que espera aumentar as vendas com a instalação dos boxes.
"As vendas estão zero. Estes dias não vendi nada. Vamos mudar para os boxes, já com a autorização do prefeito.Espero que a partir de hoje as vendas aumentem por aqui", anseia Genivaldo.
Risco de desabamento de prédio preocupa trabalhadores
O antigo prédio do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), situado em frente à Praça João Luís Ferreira, tem provocado grande preocupação entre as pessoas que trabalham no centro da cidade ou que precisam passar pelo local com frequência.
Como o prédio está abandonado há décadas, sua estrutura já apresenta avançados sinais de deterioração, e, consequentemente, o risco de desabamento é considerável, o que poderia culminar em uma tragédia de grandes proporções.
O prédio fica localizado no cruzamento das Ruas Coelho Rodrigues e David Caldas, e pertence ao Governo Federal. Há alguns anos, cogitou-se implantar no local um novo centro de cultura do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), mas a ideia acabou não indo adiante, por conta do alto custo estimado para a recuperação do edifício.
Esta semana, a Câmara Municipal de Teresina aprovou um requerimento de autoria do vereador Antonio Aguiar (PROS) propondo a realização de uma audiência pública destinada a discutir uma alternativa de uso social para o antigo prédio.
Em pronunciamento realizado nesta semana, Aguiar elencou algumas soluções possíveis para o problema, como a instalação de um centro administrativo da Prefeitura no local, ou mesmo sua destinação para algum projeto da área de cultura e entretenimento.
"Esse prédio poderia agregar secretarias, fundações, institutos e outros órgãos municipais. Nós sabemos que hoje a prefeitura paga aluguéis caríssimos para alocar boa parte da estrutura da administração municipal, em diferentes pontos da cidade.
Com a centralização desses órgãos num único edifício, o município estaria poupando recursos públicos e, ao mesmo tempo, facilitando a vida dos cidadãos, por conta da localização estratégica", observa Aguiar.
O vereador ressalta que o prédio, que tem mais de seis décadas de construção, encontra-se interditado pelo Corpo de Bombeiros. Por essa razão, antes de ser novamente utilizado, ele precisa passar por uma minuciosa restauração, de maneira a garantir a total segurança dos servidores públicos e demais pessoas que irão frequentar o prédio.
Com relação ao investimento necessário para a recuperação, o vereador Antônio Aguiar acredita que os recursos podem ser facilmente levantados a partir de um convênio entre a Prefeitura e o Governo Federal.
Além disso, o parlamentar considera que a compensação financeira viria num prazo relativamente pequeno. "Se o edifício voltar a ser utilizado, a Prefeitura estará resgatando um patrimônio de valor histórico para a nossa cidade, ao tempo em que poderá oferecer, num só local, uma série de serviços úteis aos nossos munícipes", pontua Aguiar.
Prédio não tem sistema de prevenção de incêndio
O major Egídio Leite, chefe do setor de Relações Públicas do Corpo de Bombeiros, explica que o principal problema do prédio é a inexistência de um sistema de prevenção e controle de incêndio.
"Eu mesmo já participei de vistorias no prédio e, num primeiro momento, não detectamos um risco iminente de desmoronamento. Mas o local está interditado porque não possui os mecanismos adequados para o combate a incêndios. E se, eventualmente, um acidente desse tipo ocorresse, a estrutura poderia não resistir", detalha o major.
Egídio Leite acrescenta que apenas com a realização de uma perícia aprofundada do edifício será possível determinar se ele ainda pode ser recuperado ou se deve ser implodido.
A audiência pública aprovada pela Câmara para discutir o problema deve ser realizada no mês de abril, e para o evento devem ser convidados representantes da Prefeitura de Teresina, do Governo do Estado, do Governo Federal, do Corpo de Bombeiros, do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Piauí (Crea-PI) e de entidades da sociedade civil organizada.