Após a prisão em flagrante do médico Giovanni Quintella Bezerra, por estupro de uma paciente durante uma cesariana na tarde desse domingo (10), a mãe de outra paciente sedada pelo anestesista relatou ter estranhado como a filha voltou da mesa de cirurgia. Segundo a mulher, que manteve o anonimato, a filha dela saiu da cirurgia ainda dopada e estava suja.
“Quando minha filha veio da mesa de cirurgia, ainda desacordada, ela veio suja. Percebi sobre o rosto e sobre o pescoço dela algumas casquinhas secas, brancas. Eu não sabia o que era. Achava que era algum medicamento que tinha entornado”, contou.
Ela ainda relatou à TV Globo que a filha contou que “todo o tempo o Giovanni ficou perto da cabeça”. A paciente disse à mãe que questionou o médico o motivo de estar com sono, em que disse: 'Eu, meio sonolenta, falei pra ele: por que eu tô com tanto sono assim?”. Com isto o médico teria dito: “E ele todo o tempo falando: ‘Não, fica calma, relaxa, dorme, fica tranquila’”.
Um dos comportamentos de Giovanni que despertou a desconfiança no restante da equipe médica, há cerca de dois meses, foi a alta quantidade de sedativos. Em depoimento, publicado pelo portal g1, uma das funcionárias conta que as pacientes eram sedadas ao ponto de "nem sequer conseguir segurar os seus bebês”. Segundo ela, no centro cirúrgico, “Giovanni ficava sempre à frente do pescoço e da cabeça da paciente, obstruindo o campo de visão de qualquer pessoa”.
De acordo com a funcionária, o comportamento do médico chamou a atenção logo na primeira cesariana:
“Após a saída do acompanhante da paciente da sala de cirurgia, Giovanni usou um capote, fazendo uma cabana que impedia que qualquer outra pessoa pudesse visualizar a paciente do pescoço para cima”, narra o termo de declaração conseguido pelo g1.
Paciente diz que teve 'apagão'
Uma das possíveis vítimas do anestesista, que não quis se identificar, disse que teve bebê no dia 3. A mulher de 37 anos contou que passou por um parto complicado, teve pressão alta, precisou de transfusão de sangue, mas estranhou a sedação.
"Ele me tranquilizou, disse que ia me anestesiar, que era só pra eu relaxar. Eu apaguei e só acordei quando ele já estava limpando as mãos ou tirando as luvas. Não sei bem, estava tudo embaçado ainda".
E completou:
"É uma situação muito delicada. Ninguém entra numa cirurgia preocupada se vai acontecer alguma coisa, se vai ser abusada. O que me preocupou, e que falei pra minha mãe e meu companheiro, foi a sedação, o apagão. Quando vi o caso na TV foi um susto. A gente fica pensando, será que aconteceu? Será que ele consegui? É muito dolorido. A gente não está saindo na noite, é muito delicado", disse.