A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) geral do Hospital Evangélico, em Curitiba, que estava fechada desde o dia 23 de fevereiro em virtude das denúncias contra a médica e ex-chefe do setor, Virgínia Soares de Souza, deve reabrir a partir as 11h desta sexta-feira (8), segundo a assessoria de imprensa do hospital.
No total, 15 médicos, 41 profissionais de enfermagem e outros quatro de apoio vão atuar na UTI sob coordenação do médico Hipólito Carraro Júnior. As outras três UTI"s do hospital não foram afetadas após as denúncias. Virgínia está presa desde o dia 19 de fevereiro e foi indiciada pela polícia por homicídio qualificado, quando a vítima não tem a chance de se defender, e formação de quadrilha.
Ela trabalhava no hospital desde 1988 e chefiava a UTI geral desde 2006. Segundo a polícia, a médica é suspeita de induzir mortes no setor e nega as acusações. Outras cinco pessoas suspeitas de envolvimento também foram indiciadas pela polícia por homicídio qualificado e formação de quadrilha. Uma delas responde em liberdade. Todos eles também negam as acusações.
O advogado de defesa de Virgínia, Elias Mattar Assad, disse que não há provas contra a médica. "Nas várias certidões de óbito de pessoas que teriam morrido, nenhum dos atestados foi firmado pela minha cliente. Todas as certidões também tinham laudos do IML atestando as mortes como sendo ou de causas acidentais ou naturais".
Ainda segundo a polícia, as investigações, que tem como foco a médica Virgínia, já duram mais de um ano. A denúncia foi feita na Secretaria de Corregedoria e Ouvidoria Geral do Estado do Paraná e partiu de um ex-funcionário. O nome dele é mantido em sigilo. De acordo com a polícia, pacientes foram mortos ? após determinação da médica ? para que leitos fossem liberados. ?O que ocorre quando você antecipa uma morte, nós qualificamos como homicídio?, afirmou a delegada do Núcleo de Repressão aos Crimes Contra a Saúde (Nucrisa), Paula Brisola.
No dia 22 de fevereiro Virgínia divulgou um manifesto público no qual afirma que a medicina está em risco no Brasil. ?O livre exercício da medicina está em risco no Brasil?, diz trecho do documento. Ela afirma que se o modelo de investigação da polícia paranaense obtiver êxito, qualquer morte em UTI poderá ser considerada imperícia ou mesmo homicídio qualificado. ?A ciência médica não pode ser relativizada ou mesmo inviabilizada no seu livre e ético exercício, pelos altos riscos a que doravante estarão expostos os seus profissionais?, diz outra parte do manifesto. O texto ainda classifica a investigação como ?o maior erro investigativo e midiático da nossa história?.