A grande oferta de nutrientes e alimentos, resultado do processo evolutivo da nossa sociedade, aliado ao comodismo das novas tecnologias fizeram do ser humano um sedentário. Se a tuberculose e a malária matavam milhões de pessoas no passado, hoje a obesidade é o grande mal do século.
Afim de aprofundar os estudos sobre essa doença em crianças e adolescentes, pesquisadores de seis países da América do Sul se uniram para realizar o projeto Saycare Study: South America youth/child. A Universidade Federal do Piauí (Ufpi) e a Universidade de São Paulo (USP) são as representantes brasileiras no estudo.
Em dois anos, a pesquisa, que é inédita no Hemisfério Sul, analisará dados de 2.500 jovens com idades de 3 a 17 anos de escolas públicas e particulares.
Dentre seus objetivos estão desenvolver métodos de mensuração válidos e confiáveis para obter informações sobre os diversos fatores, desde social econômico aos hábitos alimentares, que levam à obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares.
O coordenador do estudo em Teresina, o professor Leonardo Torres Leal, revela que a Ufpi foi convidada a participar do projeto por conta do reconhecimento e da influência dos seus pesquisadores no cenário acadêmico internacional.
Além disso, segundo o professor, a capital piauiense também está passando pela mesma problemática mundial, cerca de 50% da população se encontra com sobrepeso.
“O grande problema é que essa obesidade dessa população começou na fase adulta e agora os jovens estão começando a ficar obesos, possivelmente a sobrevida dessas crianças será abreviada.
Através dos resultados obtidos com o estudo conheceremos o real estado dessas crianças e poderemos realizar uma interverção. Assim como está acontecendo na Europa, após a finalização da pesquisa Helena, projeto semelhante ao nosso”, explica.
Atualmente o Saycare Study está em fase piloto, isso porque a metodologia aplicada para esse nível de pesquisa deve ser testada para que o processo seja validado antes da execução.
Para isso, foram escolhidas escolas públicas, de forma aleatória, onde 60 crianças de ambos os sexos serão analisados. O mesmo processo será feito em escolas da rede particular de ensino.
“A nossa equipe composta por oito pessoas dentre educadores físicos, nutricionistas, enfermeiros e graduandos nessas áreas que já estão visitando as escolas. Eles realizam um questionário com as crianças para avaliar vários aspectos relacionados ao seu comportamento alimentar, físico e de higiene.
Com um aparelho chamado acelerômetro, iremos testar a capacidade física deles, assim conseguimos mensurar o nível de atividade física e qual a intensidade dela em um tempo de sete dias”, descreve Leonardo.
Ainda de acordo com o professor, durante as visitas são perceptíveis os maus hábitos alimentares da maior parte das crianças. Há preocupação também quanto ao sedentarismo apresentado por elas, o que reflete no estado de saúde cardiovascular.
Na próxima semana serão feitos os testes de pressão arterial, a equipe presume que haverá um número relevante de alterações na elevação da pressão arterial dos jovens, comparando-se com valores de referência para a mesma idade.