Umidade do ar em 20% coloca o Piauí em estado de alerta

Associado ao baixo índice da umidade relativa do ar é preocupante

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Nas redes sociais dos piauienses, um dos assuntos mais comentados nos últimos três dias é o calor. Isso porque, nesta semana, os termômetros do Estado estão registrando temperaturas que variam entre 39ºC e 40ºC, conforme o setor de meteorologia da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semar).

Além das altas temperaturas, que já são comuns entre setembro e dezembro, meses que compreendem o tradicional B-R-O-BRÓ, o baixo índice da umidade relativa do ar, que diz respeito à relação entre a água existente no ar (umidade absoluta) e a quantidade máxima que poderia haver na mesma temperatura, também preocupa. Segundo a meteorologista da Semar, Sônia Feitosa, a umidade relativa do ar no Estado está alternando em 20% a 30%. O percentual, de acordo com ela, coloca o Piauí em estado de alerta.

“A atuação de uma massa de ar seco continua contribuindo de forma favorável à condição de tempo muito quente e seco no Piauí”, explica Sônia. O El Niño, fenômeno que aquece as águas do Oceano Pacífico e provoca alterações climáticas no mundo, também contribui diretamente para o aumento da temperatura no Estado. Diante da baixa umidade, o número de focos de calor está 101% acima do ocorrido no mesmo período de 2014, conforme o boletim hidrometeorológico da Semar. De 1 a 22 de setembro, foram registradas 3.871 ocorrências. A secretaria afirma que a ação humana na prática das queimadas, unida às altas temperaturas, é responsável pelo aumento dos casos.

No entanto, nem tudo é calor. A primavera começou na quarta-feira (23) e o setor de meteorologia da Semar prevê pancadas de chuva no final do dia. Contudo, Sônia ressalta que as precipitações serão de baixa intensidade e com duração rápida. “Essas chuvas que ocorrerão vez por outra serão reflexo de um dia com tempo quente”, esclarece a meteorologista.

Efeitos do sol: Câncer de pele é bastante comum

Apesar de a recomendação “use o protetor solar” ser tão comum, nem todos a colocam em prática. O câncer de pele é o mais comum no país, representa 25% do total dos casos registrados, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA). ”O cuidado com a pele vai além da vaidade, ele é necessário para que se mantenha saudável o maior órgão do corpo”, ressalta dermatologista Bruno Vargas. Ele acrescenta que as consequências da exposição ao sol são cumulativas e aparecem ao longo dos anos.

O fato de o Brasil ser um país tropical faz com que a incidência dos raios UV seja intensa o ano todo, por isso, é preciso estar sempre atento aos cuidados com a saúde da pele. “Grande parte das pessoas pensa que só devemos nos proteger do sol quando vamos à praia ou à piscina, e esse é um hábito perigoso, pois estamos suscetíveis aos danos dos raios UV em todas as estações”, explica Vargas.

O radio-oncologista, Marcus Castilho, explica que são vários os fatores de risco. “Geralmente, o câncer de pele surge após os cinquenta anos de idade e independente do sexo. Quando se tem antecedentes familiares, é preciso estar mais atento e fazer acompanhamento mais freqüente. O número de queimaduras solares também deve ser levado em conta”, afirma.

Estudos feitos recentemente na Universidade Yale, nos Estados Unidos, sobre a melanina, pigmento que dá coloração e ajuda na proteção à pele, apontam que, ao contrário do que se pensava, não só pessoas com a pele clara (com menor quantidade de melanina) estão suscetíveis à doença. Isso acontece porque os danos causados pelos raios UV ao DNA dos melanócitos (células produtoras de melanina), fazem com que os prejuízos à pele continuem se agravando durante horas, mesmo quando a pessoa já não está exposta ao sol.

Quando se preocupar

É muito comum aparecerem manchas e irritações na pele, quando os devidos cuidados não são tomados. Então, como saber o que pode ser sintoma de um câncer? “Grande parte dos brasileiros possui pintas ou manchas e nunca procurou avaliar com um dermatologista se há algum risco. O ideal é visitar um especialista regularmente ou quando observar quaisquer anormalidades, já que a chance de cura sobe para 90%, quando diagnosticado precocemente”, aconselha o dermatologista Bruno Vargas.

Existem tipos diferentes de câncer de pele, os principais deles o Carcinoma basocelular (CBC), o Carcinoma espinocelular (CEC) e o Melanoma. Nos dois primeiros casos (CBC e CEC), o câncer atinge camadas da epiderme (camada superior da pele) e apresenta mais chances de eficácia no tratamento, que pode ser feito por meio de cirurgia ou radioterapia. Já no caso do melanoma, camadas mais profundas da pele são atingidas, o que torna o tratamento mais intenso e invasivo.

Tratamento - “Apesar de muito se ouvir a respeito do melanoma, ele é o tipo menos frequente de câncer de pele, e também o mais grave”, pondera Castilho. Ele lembra que tanto o melanoma quanto as demais formas de câncer de pele têm maiores chances de cura quando descobertos em fases iniciais.

Segundo o especialista, a radioterapia é um dos tratamentos indicados em casos de câncer, podendo ser utilizado como forma exclusiva de combate ou combinado a outros métodos como cirurgia e quimioterapia. “Na maioria dos casos, os efeitos da radioterapia são bem tolerados pelos pacientes, desde que a dosagem indicada para o tratamento seja respeitada”, explica.

Médicos dão dicas para evitar doenças no B-R-O-BRÓ

As altas temperaturas colocam em risco a saúde da população. Com o aumento do calor, os consultórios médicos lotam de pacientes com problemas respiratórios e dermatológicos. Para evitar o surgimento de doenças, os especialistas orientam que os piauienses devem ingerir água com frequência.

A pneumologista Jyselda Duarte explica que a ingestão de líquidos faz com o que o corpo sinta menos os danos da baixa umidade relativa do ar. “Além de beber muito, a população pode melhorar a condição climática do ambiente utilizando umidificadores de ar ou colocando bacias cheias de água dentro do quarto, por exemplo”, orienta a médica.

Para evitar choque térmico, um dos causadores de crises alérgicas, a pneumologista alerta para a mudança brusca de ambientes frios para locais de temperatura elevada. “Uma dica importante é desligar o ar-condicionado do ambiente uns dez minutos antes de deixá-lo”, indica Jyselda Duarte.

Já para combater o surgimento de doenças dermatológicas, o dermatologista Lauro Rodolpho aconselha os piauienses a usarem protetor solar, cremes hidratantes e tomar banho com água fria. Além do uso do filtro protetor, a indicação do especialista é que as pessoas vistam roupas que protejam a pele dos raios solares, sombrinhas, chapéus e evitem se expor diretamente ao sol.

“A pele sofre muito por essas intercorrências causadas pelas altas temperaturas do B-R-O-BRÓ. A pele fica desidratada, cria brotoejas, aparecem micoses oportunistas, então é necessário que o cuidado seja redobrado”, considera o médico Lauro.

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