Claude Girão nasceu no ano de 1961 e, aos seis meses de vida, foi diagnosticado com poliomielite, também chamada de paralisia infantil. As convulsões que sentia eram um dos sintomas da doença e evoluiu para a paralisia dos membros inferiores. Na época, Claude morava na cidade de Pacajus, localizada a pouco mais de 50 quilômetros de Fortaleza (CE), e precisou passar por sessões de fisioterapia na capital cearense. Após oito meses da constatação da doença, Claude deu o primeiro passo e sua família vibrou. “Continuei os tratamentos e a luta de lá até aqui foi constante. A doença me deixou sequelas que não foram só físicas. Fui crescendo e tendo maior dificuldade de aceitação, e tudo isso atrapalhou muito minha vida. Para ir ao colégio, na adolescência, sofri muito preconceito e exclusão de todas as formas”, explicou.
Embora tenha conseguido restabelecer os movimentos das pernas, um de seus membros ficou 9 centímetros mais curto. E isso virou motivo de inúmeros apelidos maldosos que os colegas de escola disseminavam. “Mas a vida nos ensina e sempre tive muito amor dentro da família e fui me aceitando. Hoje sou apaixonado por mim e por toda essa questão de trabalhar em prol das pessoas com deficiência”, expressa.
Hoje, aos 58 anos de idade, Claude Girão é coordenador de Apoio à Pessoa com Deficiência, músico e muito ligado às ações que debatem o tema da pessoa com deficiência. Ele faz parte do Conselho Estadual da Pessoa com Deficiência e, sempre que viaja, busca pessoas com deficiência para se certificar que seus direitos estão sendo assegurados nos Centros de Referência de Assistência Social (Cras).
A poliomielite não tem cura e só existe uma forma eficaz de preveni-la, a vacina. É o que reforça José Carlos Formiga, médico cardiologista que faz parte do Rotary Club Teresina Cajuína (PI, MA e CE), que levanta a bandeira do combate e erradicação da poliomielite no mundo.
“É importante frisar que, de cada 200 crianças de até cinco anos de idade que são infectadas pelo vírus da poliomielite, uma vai ter paralisia de membros inferiores. E de cada 10 destas que foram acometidas, uma morre de infecção aguda”, disse o médico.
Esses casos graves possuem um alto poder de disseminação, que pode ocorrer via oral-fecal. Dependendo do estado do sistema imunológico, até mesmo durante uma conversa, se for criança, há uma grande possibilidade de contrair o vírus.
Para Claude Girão, o acesso à informação, às famílias, é fundamental para que os pais e responsáveis compreendam a importância da gotinha e demais vacinas para a proteção da saúde das crianças.
“Se você tiver um filho com deficiência, trate ele como uma pessoa normal, ele só precisa de carinho e apoio, assim terá toda capacidade. As questões das barreiras, são coisas da atualidade. Eu me conscientizei na luta contra todo esse preconceito, que os direitos das pessoas com deficiência sejam mantidos e que a gotinha seja mais procurada pelos pais”, afirma.
Rotary Cajuína realiza mais uma edição do “Correndo contra a pólio”
No Brasil, a poliomielite está erradicada, mas a existência de endemia em países como Afeganistão e Paquistão mobiliza o mundo todo para o combate à doença.
Logo, a luta para ser erradicada tem que ser intensa. Todos os anos, o Rotary Internacional, promove uma ação chamada “End Polio Now”, que demanda eventos com objetivo de levar informação acerca dos riscos da poliomielite. O Rotary Teresina Cajuína, em seus três anos de existência, lançou a corrida de rua que arrecadou todo o dinheiro para várias campanhas de vacinação, além de levar a mensagem para que pais vacinem seus filhos.
O “Correndo Contra a Pólio” já está consolidado no calendário de Teresina e acontece no próximo dia 01 de dezembro, prometendo reunir atletas de todas as idades por uma causa muito especial: a erradicação da Poliomielite.
Seu objetivo é divulgar as iniciativas do combate à doença e arrecadar recursos com as inscrições destinados para a campanha para produção de vacinas destinadas a países onde a pólio ainda está ativa, como Paquistão, Afeganistão e novos casos que têm surgido recentemente nas Filipinas.
“São tentativas de fazer a promoção, não só na fabricação de vacinas, mas em toda logística que faz com que essa vacina chegue aos locais extremos, nos locais mais longínquos”, disse o médico José Carlos Formiga. (A.S.)