Um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual do Piauí está em vias de iniciar os trabalhos de pesquisa dos primeiros projetos aprovados pelo governo estadual para o canabidiol, substância obtida do óleo da Cannabis sativa. O Piauí é o primeiro estado do país a autorizar a viabilização do projeto.
O grupo de pesquisadores responsáveis já estuda a substância há algum tempo, mas com a recente autorização do governador Wellington Dias para a produção do óleo no estado, foram criados projetos a serem executados pela UESPI e também pela UFPI(Universidade Federal do Piauí). As universidades fabricarão o medicamento em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (Fapepi), Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) e o Centro Integrado de Reabilitação (Ceir).
Para um dos pesquisadores, o Prof. Dr. Fabrício Amaral, essa autorização pioneira em termos de decisão de governo dá uma contribuição para o estado nas áreas social, econômica e técnico científica: “Estamos falando de grupos de pacientes que tem poucos recursos terapêuticos, de uma demanda reprimida de pais desesperados que veem um filho com 30, 40 crises convulsivas por dia”, explica.
Além disso, de acordo com Fabrício, a independência econômica do estado nessa questão da produção possibilita a venda para outras federações. “À medida em que você promove o desenvolvimento de novos fármacos, está criando um parque tecnológico que vai facilitar não só a comercialização do canabidiol como o desenvolvimento de futuros produtos”, acrescenta.
O CEIR ficará responsável pelo atendimento à população que necessita fazer uso dos medicamentos, e também por fazer uma triagem e escolha de quais pacientes vão receber esse canabidiol produzido aqui, além do acompanhamento clínico. Já a UFPI montou um projeto para cultivar a cannabis e extrair o óleo, o que levará um tempo para se concretizar, segundo os pesquisadores, visto que há que se fazer a seleção de mudas, do tipo, do rendimento. Logo, o início do projeto da UESPI se dará com o canabidiol importado, e espera-se que de seis meses a um ano já exista a produção do óleo no estado.
Os projetos das três instituições estão no momento aguardando a liberação das verbas, que totalizam um montante de 1 milhão de reais. Além disso, também aguardam as autorizações da ANVISA e da Polícia Federal. “Estamos passando por todas essas etapas de forma bem sucedida, e agora nossa próxima etapa é, a partir do recurso liberado, cada instituição fazer sua parte, seus projetos. Dependemos do orçamento do governo para liberação da verba dos projetos”, esclarece Rosemarie. Ainda em 2018, o estado contará com uma câmara setorial de biotecnologia para apoiar a produção.