A Record planeja entrar com ações na Justiça do Brasil e da Suíça para invalidar o acordo entre a Fifa e a Globo, que deu à emissora o direito de transmitir as Copas do Mundo de 2018 e 2022.
A Fifa informou anteontem a prorrogação do acordo de transmissão dos Mundiais com a Globo. Na nota, a entidade ressaltou "a força de distribuição da Globo pelo vasto território do Brasil".
A inexistência de um processo de concorrência é o argumento no qual a Record se apoia para questionar o acerto, apesar de Fifa e Globo serem entes privados. A Record diz que foi informada em 2010, logo após o Mundial, pelo diretor de TV da Fifa, Niclas Ericson, de que haveria uma concorrência pelos direitos de exibição das Copas.
"Quando você é presidente de uma empresa, você contrata a firma mais qualificada para prestar um serviço", diz Marcelo Campos Pinto, executivo da Globo Esportes. "Foi o que a Fifa fez. Compare o padrão da transmissão da Record no Pan de Guadalajara e o da Globo no Pan do Rio, em Copas e Olimpíadas".
Outro aspecto que influenciou na decisão da Fifa é o fato de a Globo gerar as imagens dos eventos ligados à Copa, como o sorteio dos grupos. A emissora é parceria da Fifa em outras ações fora as transmissões de torneios.
Sobre o fato de ter havido concorrência para os EUA, Campos Pinto diz que, no país, concorriam o conjunto formado por ABC e ESPN contra a dupla Fox e Telemundo.
"Lá [nos EUA] até existia motivo para haver concorrência, já que a qualidade dos concorrentes era similar".
Na Globo também é lembrado o episódio da aquisição do Pan de Guadalajara, pela rival, sem licitação.
Na Record, a ordem é estender a confusão pelos direitos das Copas para a programação. O jornalismo da emissora já está empenhado em produzir reportagens sobre escândalos relacionados à Fifa.
Em 1998, após longa batalha judicial, a Record ganhou o direito de transmitir a Copa daquele ano. Ganhou um processo na Justiça mexicana contra a OTI (Organização de Televisão Iberoamericana, sediada no México), que até 1998 comprava direitos dos Mundiais e os repassava às TVs da América Latina.
A OTI, que havia excluído a emissora brasileira do pool de transmissão da Copa, também foi condenada a indenizar a Record em US$ 38 milhões. Nesse caso, porém, a Fifa não estava envolvida.