Um triatleta foi atropelado enquanto treinava em uma rua de Canasvieiras, Norte da Ilha, em Florianópolis. O acidente ocorreu na segunda-feira (20), logo após uma discussão de trânsito entre ele e o motorista do carro. A Polícia Civil abriu inquérito na sexta-feira (24). O delegado Danilo Bessa Brilhante informou que será investigada uma possível tentativa de homicídio. As informações são do G1.
A vítima, o Policial Rodoviário Federal Frederico Corralo, não tem dúvidas de que foi atingido propositalmente. O motorista, o também triatleta Jairo Hélio de Souza Filho, nega.
O acidente foi registrado por uma câmera de segurança em Canasvieiras. A imagem mostra um motorista discutindo com um pedestre. Era uma briga de trânsito que minutos depois resultou no atropelamento do Frederico, que foi atingido pela caminhonete enquanto corrida na rua.
Ele contou como tudo começou. "Eu estava vindo correndo do final da Madre Maria Vilac pra cá. Quando uns 50 metros atrás a caminhonete jogou pro lado, foi na hora que eu bati o braço no retrovisor".
O Frederico veio de São Paulo semana passada e estava treinando para o Ironman Brasil, prova de triatlo que ocorre no domingo, em Florianópolis. Após a discussão Frederico conta que seguiu com a corrida, mas o motorista da caminhonete veio atrás.
"Ele parou, atravessou, e a gente começou a conversar, a discutir. Alegava que eu não tinha que tá correndo aqui", disse.
A imagem mostra ainda o Frederico retomando a corrida, mas ele consegue percorrer apenas alguns metros. Isso porque logo em seguida, o motorista da caminhonete toma a direção correta na rua, mas muda o trajeto e avança contra o triatleta. Após o atropelamento a caminhonete sai e o atleta fica no chão.
O motorista, Jairo Hélio de Souza Filho, também é atleta e está inscrito no Ironman Brasil. Ele falou por telefone com a equipe de reportagem e disse que após a discussão, jogou o carro para cima da calçada para conter a corrida de Frederico, mas que não teve a intenção de atropelá-lo.
Disse ainda que não fugiu do local, que apenas seguiu com o veículo para estacionar e que logo em seguida voltou para esperar a chegada do socorro. O cozinheiro Alisson Souto diz que ouviu a discussão. "Alguns xingamentos que a gente não precisa repetir. Eu achei desnecessário. As pessoas hoje em dia estão muito estressadas no trânsito. Aí eu não dei muita bola pra discussão e saí".
Uma mulher que não quis se identificar, trabalha no comércio próximo e acompanhou tudo do outro lado da rua. "Acelerou, e eu gritei pro cara que tava correndo, ele vai atropelar".
Frederico conta que ouviu e conseguiu tentar fugir do acidente. "Foi a hora que eu consegui me deslocar, tentar fugir um pouco. Eu olhei pra trás e vi o carro tentando me atingir, eu subi na calçada, foi quando ele me atingiu. Fez com que eu me lesionasse o mínimo possível", disse.
A imagem também mostra que a caminhonete passou perto de uma mulher que esperava o ônibus. "Foi bem impactante, não acreditei no que eu estava vendo, fiquei em choque", disse a moça que não quis se identificar.
"Tentei ajudar ele no que eu pude. O cara da caminhonete fugiu, né. Eu vi que ele tinha machucado bastante a perna, tava bem roxa, mexendo o braço com dificuldade. Tava bem machucado", disse ela.
Cinco dias após o atropelamento, as marcas da batida ainda permanecem no corpo do Frederico. A lesão mais grave foi no ombro esquerdo, onde ele ainda sente dores, o que pode comprometer todo um trabalho para a competição de domingo. O triatleta ainda não sabe se irá participar da prova."Eu treinei praticamente um ano pra fazer o Ironman. E as vezes o sonho acaba, talvez por causa de uma atitude não pensada assim".
Quem ajudou a socorrer o Frederico, agora também dá apoio para o triatleta. "É bom ver ele em pé de novo. Ele disse que queria correr o Ironman. Eu falei pra ti, tu vai correr", disse Alisson Souto.