O crime envolvendo a morte de um turista e o estupro de sua mulher na Praia do Sono, em Paraty, encorajou outras vítimas a procurar a polícia para prestar depoimentos. Ao menos outras três mulheres também foram vítimas de Edson Santos, que é suspeito de ter matado o lituano Adam Zindul, de 37 anos, após ter estuprado a esposa dele, uma paulistana de 35 anos, na madrugada de quinta-feira. Três vítimas compareceram à 167ª DP (Paraty) para prestar depoimentos. O delegado Marcello Russo, titular da 167ª DP, conta que uma delas disse ter sido estuprada quando tinha 11 anos. Ele acredita que outras mulheres tenham sido vítimas dele, mas que, por medo, preferem não falar sobre o assunto.
— Ouvimos três mulheres procuraram a polícia depois de se sentiram mais seguras. Os relatos são os mesmos, ele as amarra para estuprar enquanto as agredia. Todos os casos ocorreram em Paraty — informa Russo, fazendo um apelo para que outras vítimas de Edson Santos denunciem.
Sobre o perfil de Santos, o delegado afirma que o suspeito é "altamente frio" e não confessa nenhum dos crimes.
— Ele é altamente frio. Assinou a nota de culpa como se estivesse assinando um recibo ou contrato de trabalho. Não demonstra remorso e nunca vai confessar nenhum dos crimes. Tem uma psicopatia no depoimento dele, que nega fatos incontestáveis demonstrando mentira — completa.
Segundo Marcello Russo, o suspeito é de uma região chamada Pantanal, tem mulher e duas filhas pequenas. Trabalhava como cortador de grama.
— O suspeito disse que estava separado da mulher há nove dias e que saiu de casa rumo à Praia do Sono para arejar a mente, onde arrumou um trabalho para cortar grama — detalha. — Enquanto isto, observava a dinâmica do casal, típico de psicopata, pessoa maldosa. A mãe dele não quis aparecer para depor, mas falou que não acredita na inocência do filho, disparando 'aqui se faz, aqui se paga'.
A vítima prestou depoimento antes de saber que o marido tinha sido morto.
— A vítima pediu socorro por volta das 2h30. A vizinhança nos contou que havia um homem suspeito na região há alguns dias e nos deu o endereço de onde ele estava hospedado, fomos até lá e o encontramos dormindo. Ao acordar, ele disse que não tinha nada a ver com aquele crime. Sempre frio e com olhar distante.
Edson Santos já tem uma passagem pela polícia, preso por tráfico de drogas. No caso dos turistas, ele foi indiciado por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe; por impossibilidade de defesa da vítima e tortura); tentativa de feminicídio (ele tentou asfixiar a vítima, que desmaiou durante o ataque) e estupro.
— O primordial para nós foi que a vítima reconheceu não só o suspeito, como também os instrumentos utilizados por ele, como luvas e um uniforme militar. De acordo com o que investigamos, Santos direcionou a cadeira na qual estava preso o turista para que ele assistisse o ataque, com requintes de crueldade e tortura. Espero que ele seja condenado.