Quando o assunto é criança, os cuidados devem ser elevados. Quando elas começam a se locomover, a atenção deve ser mais acentuada, já que os pequenos são difíceis de controlar. As preocupações estão voltadas não apenas em casa, temendo que as crianças sofram choques e envenenamentos. A ida à escola, que pode ser uma atividade considera por muitos como normal, pode ser completamente arriscada se não houver o devido acompanhamento dos pais.
São situações corriqueiras como estas, as responsáveis por uma parcela significativa nos números de atropelamentos envolvendo vítimas mirins, e esses índices têm aumentado consideravelmente. Por isso, é impres-cindível que os pais ou responsáveis fiquem em constante estado de alerta, já que acidentes podem ocasionar, além de óbitos, sequelas, que ocasionam uma série de comprometimentos, tanto para o desenvolvimento físico como também psíquico.
Segundo dados revelados em 2008, o trânsito matou mais de 1.900 crianças no país, sendo que 42% desse total foi devido a atropelamentos. Já 2010, como base nos dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde, o trânsito é responsável pelo maior número de óbitos de crianças por acidentes no Brasil e, na maioria dos casos, a criança pedestre é a vitimada. Os atropelamentos chegam a 38% das 1.895 mortes de crianças até 14 anos no trânsito.
Em Teresina, os acidentes envolvendo crianças em rodovias estaduais, na PI 130, 113 e 112, não especificamente relacionado a atropelamentos, chegam a 43 somente neste ano, sendo que 11 destes geraram vítimas fatais, além de resultar em 38 vítimas lesionadas, conforme dados disponibilizados pelo capitão Gilberto Alves de Sousa, da Companhia Independente de Trânsito (CIPTran).
Estudos apontam que os atropelamentos acontecem geralmente à tarde, em bairros de moradia, nos dias úteis e acabam vitimando duas vez mais meninos do que meninas que tem idade média de 7 anos. Ao andar na rua, os responsáveis, muitas vezes tendem a não segurar devidamente a mão criança, o que culmina na sua soltura, contribuindo para aumentar esse tipo de acidente. De acordo com recomendações de pediatras, a maneira mais correta de coibir que a criança sofra atropelamentos, é segurar firme em seu pulso.
Alguns pais ou responsáveis, às vezes, acreditam que quando a criança atinge uma idade acima dos 7 anos, ela já possui a capa-cidade de circular pelas ruas sem o acompanhamento de um adulto.
Segundo a psicóloga Kysley de Sá Urtiga, isso acontece também porque os pequenos ainda não possuem o devido conhecimento sobre o perigo. "As crianças nesses casos agem por impulso, já que ainda não têm a assimilação de maturidade para compreender o que é realmente perigoso.
O caso do pequeno Luan, de apenas 9 anos, filho de Milton Nonato Filho, não foi no caminho da escola. Ele foi vítima de um atropelamento, fato ocorrido em frente à sua residência, quando atravessava uma avenida na zona Norte da capital. Mas de acordo com o pai da criança, no dia do acidente, a rua não tinha muita movimentação. ?Eu tava do outro lado da rua, quando meu filho me chamou dizendo que queria passar para lá, para ficar perto de mim, aí eu olhei para os lados e vi que não vinha carro algum, aí disse para ele passar, mas de repente surgiu um ônibus em alta velocidade e atropelou ele?, contou o pai.
Segundo ele, o garoto era inteligente e tinha noção do que era perigoso ou não, e também tinha o hábito de atravessar a avenida onde fica localizada a sua casa. ?Ele vivia jogando bola na calçada de casa, nunca passava ali sem olhar, sempre pedia ajuda quando queria?, esclareceu Milton.
Educação no trânsito é o melhor caminho
Pode parecer clichê, mas a educação, indiscutivelmente, é a base para a evolução social. Quando o assunto é a conduta adequada no trânsito, isso não é diferente. ?Infelizmente, muitos cidadãos não tem a cultura de obedecer as leis de trânsito, só se obedece quando tem um agente de trânsito por perto?, apontou o capitão Gilberto.
Em 2011, uma escola pública estadual de São Paulo, depois do atropelamento de um aluno, resolveu implantar atividades pedagógicas. Foi rea-lizado junto aos estudantes daquela instituição de ensino um projeto que resultou em uma arte em grafite, a proposta é que a atividade reforçasse a consciência e comportamentos mais adequados no trânsito.
Além disso, a escola também tornou-se parceira de uma ONG (Organização Não Governamental) , intitulada de Criança Segura, que visa a implantação de trabalhos destinados a prevenir acidentes com crianças. A ONG participa de uma campanha mundial, chamada de Década de Ações para Segurança Viária, que vai até o ano de 2020, promovida também pela Organização Mundial de Saúde.
Para o capitão, as crianças devem receber orientações sobre os riscos no trânsito também na escola. ?As crianças precisam ser orientadas na escola, questões fundamentais do trânsito, como por exemplo: a travessia. Além disso, é preciso que exista um responsável para ajudar a criança . O trabalho educativo deve ser primordial?, enfatizou ele, que acredita também que é necessário o acompanhamento dos pais nas escolas, com o objetivo de atentá-los sobre os cuidados com a ida aquele ambiente.
Mas os pais e crianças nem sempre são os culpados. A imprudência dos condutores é alarmante, ou seja, este é um fator que causa muitos acidentes, além da elevação desordenada de veículos nas ruas.. ?O aumento de acidentes com veículos, principalmente das motos, já consegue superar o número de acidentes envolvendo carros, já que os condutores de motocicletas quase sempre andam em alta velocidade, gerando vítimas fatais?, ressaltou o capitão Gilberto Alves.
O capitão acrescenta ainda que a sinalização, principalmente as faixas de pedestres, muitas vezes não são respeitadas. ?Quando são acidentes que envolvem crianças próximos às escolas, o condutor, em alguns casos, não diminui a velocidade. Além disso, a sinalização nessas áreas, às vezes, são precárias, o que, infelizmente contribui muito para aumentar os acidentes?, disse Gilberto, que afirma ainda que, nos últimos anos, os acidentes têm aumentado consideravelmente.