Após uma década de uma das maiores tragédias ambientais do Brasil, o rompimento da barragem de Fundão, operada pela Samarco, o subdistrito de Bento Rodrigues, se encontra abandonado e restam apenas os destroços. A região foi atingida por uma avalanche de rejeitos de mineração que deixou marcas irreparáveis.
A tragédia, ocorrida em 05 de novembro de 2015, resultou na morte de 19 pessoas e deixou mais de 600 desabrigados. O Rio Doce ficou contaminado e de um local com mais de três séculos de história, agora, só sobrou ruínas.
UMA MARCA NA HISTÓRIA
A auxiliar em um consultório odontológico, Mônica Santos, então com 30 anos, moradora do distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG), saiu de casa para o trabalho naquele dia trágico perto das 6h da manhã. Era preciso sair cedo para chegar na hora.
O que ela não imaginava era que sua casa e história seria tomada por um lamaçal e que mesmo uma década depois ainda lutaria por justiça.
Mesmo passado uma década, a dor e a visão dos escombros ainda estão nítidas em sua memória. “É como se estivesse tudo acontecendo agora”, disse à Agência Brasil a líder comunitária. Atualmente, Mônica está desempregada.
Mônica morava apenas com a mãe e recebeu a notícia na tarde daquele dia por uma prima. Segundo ela, a empresa sempre deixou muito claro que a comunidade poderia dormir tranquilamente, já que a barragem era monitorada 24 horas por dia. Mônica lamenta que, no desastre, tenha perdido cinco amigos muito próximos.
RELEMBRE O CASO
Em novembro de 2015, a barragem do Fundão, operada pela empresa Samarco, se rompeu, liberando cerca de 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração. O desastre matou 19 pessoas e deixou mais de 600 desabrigadas. Outras comunidades afetadas foram Paracatu de Baixo, Paracatu de Cima, Pedras, Águas Claras e Campinas.
Atualmente, o Brasil tem 916 barragens, sendo que 74 delas teriam maior risco de colapso e 91 estão em situação de alerta. O ativista Márcio Zonta, integrante da direção nacional do Movimento pela Soberania Popular na Mineração, entende que desastres como esse ainda podem se repetir, particularmente em Minas Gerais (onde há 31 barragens). “É onde a Vale iniciou o que ela chama de Sistema Sul de Mineração.
O OUTRO LADO
De acordo com a mineradora, desde 2015, foram destinados R$ 68,4 bilhões para as ações de reparação e compensação. Nesse valor, estão R$ 32,1 bilhões pagos em 735 mil acordos de indenização individual.
A empresa defende que esses recursos “têm transformado a realidade econômica da bacia, estimulando o comércio, fortalecendo cadeias produtivas e gerando empregos”.
Com informações de Agência Brasil