Tradição em família; confira 3 restaurantes passados de pai para filho

A conexão emocional entre comida e família cria laços profundos e momentos especiais compartilhados à mesa

Culinária em uma geração | Reprodução
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A transmissão da culinária ou  gastronomia de pai para filho é uma tradição rica e significativa em muitas culturas ao redor do mundo. Essa prática envolve a passagem de receitas, técnicas culinárias, segredos de preparo e sabores familiares, ou até restaurantes de uma geração para outra. A gastronomia também carrega consigo valores culturais, históricos e afetivos.

Muitas vezes, as receitas transmitidas de pai para filho são acompanhadas por histórias, lembranças e fatos curiosos, o que torna a experiência alimentar ainda mais enriquecedora. A conexão emocional entre comida e família cria laços profundos e momentos especiais compartilhados à mesa.

MOCOTÓ

No comando do  chef Rodrigo Oliveira, o renomado restaurante "Mocotó", fundado na década de 1970, inicialmente se destacava por suas iguarias principais: torresmo e caldo de mocotó. O local  teve suas origens como um modesto empório de produtos nordestinos de propriedade de seu Zé Almeida, pai de Rodrigo. Fundado na década de 1970, esse estabelecimento inicialmente se destacava por suas iguarias principais: torresmo e caldo de mocotó.

‘’Meu pai começou a servir o caldo de mocotó para os clientes num copo americano. O sucesso foi tanto que as pessoas começaram a chamar o lugar de Bar do Mocotó'’, disse  Rodrigo. 

Assumir o empreendimento do pai em 2004 foi um desafio significativo para o chef, que agora tem um reconhecimento internacional.

‘’No começo, meu pai resistiu porque, para ele, e de certa forma para todos ali de casa, trabalhar com cozinha significava dedicação integral e trabalho duro. Com o tempo, eu vejo o quanto da preocupação dele fazia sentido. Mas, fui em frente, mesmo sem ter  uma estratégia pré-determinada ou um plano genial para convencer o velho sertanejo ", disse.

Questionado a respeito das notáveis diferenças entre o Mocotó de Zé Almeida e o estabelecimento contemporâneo, Rodrigo declara que houve diversos conflitos entre suas aspirações e os sonhos de seu pai. 

‘’Acredito também que conseguimos propor o encontro da cozinha sertaneja tradicional do meu pai com certas inovações que trouxemos da cozinha profissional, de pesquisas e estudos constantes ao longo desses anos e que permeiam nosso trabalho no Mocotó'’, completa Rodrigo.

BAR DO LUIZ

Situado na Rua Augusto Tolle, o Bar do Luiz destaca-se como um símbolo de tradição familiar e legado culinário. Os avós paternos de Luiz Fernandes, o proprietário atual, já estavam ativos no mesmo endereço desde a década de 1930, quando o estabelecimento funcionava como um empório de produtos variados.

No entanto, a trajetória do empório começou a sofrer declínio durante os anos 70 devido ao surgimento de grandes mercados na região. Nesse período, o pai de Luiz Fernandes já estava envolvido no negócio, realizando entregas com uma carroça para os moradores locais.

Diante das dificuldades familiares, dona Idalina, avó de Luiz, teve uma ideia brilhante como saída: a transformação do antigo empório em um modesto bar.

‘’A primeira medida foi começar a fazer bolinhos e aperitivos, que eram colocados sobre o balcão para os clientes se servirem’', disse Luiz.

No ano de 1983, quando tinha apenas 18 anos, Luiz abandonou os estudos e deu início à sua jornada no bar, que já estava sob a administração de seus pais.

‘’Nunca estipulei uma meta, mas muito trabalho e dedicação ao negócio da família. Hoje me vejo com bastante experiência no negócio e uma paixão enorme pelo meu trabalho’', completou Luiz.

AMADEUS 

O restaurante Bella Masano tem como chef uma ex-estudante do curso turismo e já possuía diploma em hotelaria quando ingressou na equipe do restaurante de seu pai, o Amadeus. As aulas de culinária que frequentou, a intenção original de Bella não era exercer atividades na cozinha, mas sim dedicar-se ao planejamento turístico.

‘’Entrei no Amadeus de maneira pouco planejada. Eu estava morando fora do país e voltei para passar o Natal no Brasil, com a intenção de ficar mais um semestre fora. Mas minha mãe, que é a grande alma do Amadeus, tinha quebrado algumas costelas e eu fiquei para dar uma força’', disse  Bella Masano.

Uma das características valorizadas por Bella no Amadeus é a forte e harmoniosa ligação entre os membros da família, marcada por lealdade e cumplicidade. ’’Estamos sempre alinhados em relação ao que queremos. Assim fica bem mais fácil essa dança de cadeiras’', completa a chef.

Quem acredita que refeições saborosas e empreendimentos prósperos são as únicas conexões entre Rodrigo Oliveira, Luiz Fernandes e Bella Masano estão enganados. Esses três indivíduos também foram capazes de proporcionar a seus pais um presente significativo: o triunfo de seus restaurantes e a continuidade de um legado familiar. 

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