Trabalho nos presídios estimula produção e diminui reincidência

O trabalho é pela manhã de 8 às 11h e pela tarde de 12 às 17h.

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O trabalho e a oferta de cursos profissionalizantes estão entre os elementos que podem ajudar na ressocialização dos internos que compõem o sistema prisional do Estado. Na penitenciária Feminina de Teresina, 30 mulheres privadas de liberdade dedicam boa parte do seu dia à atividade denominada “enraiamento de cubo”, uma das etapas de montagem de uma bicicleta.

Além de serem remuneradas – de acordo com a produção – as internas têm o benefício da remição da pena. “Hoje temos 30 mulheres atendidas, mas a ideia é ampliar para 50. Estamos adequando nossos espaços. A empresa traz o material e aqui é feita a montagem. Na última remessa foram entregues 20 carrinhos, cada um vem com quatro caixas e cada caixa com 50 cubos. A produção depende muito do ritmo de cada uma”, diz o agente penitenciário Jesus Hilton Vieira, que coordena o projeto, uma parceria entre a Secretaria Estadual de Justiça e Houston Bike.

O trabalho acontece durante a semana, pela manhã de 8 às 11h e pela tarde de 12 às 17h. Além dos benefícios já citados, para as internas essa é uma forma de “passar o tempo” dentro da penitenciária. Maria da Guia, de 45 anos, está entre as 30 mulheres que trabalham. “Estou aqui há dois anos e já participo do trabalho há um ano. Estou longe dos meus filhos e essa é uma forma de ajudar o tempo passar”, disse.

Ana Rita também mostra agilidade no enraimento, apesar de ter conhecido a atividade há dois meses. Ela está entre as novatas e chegou à penitenciária feminina há quatro meses. “Além de ocupar a mente, dá para tirar um dinheirinho. Já ajuda”, diz. A parceria com uma das maiores montadoras de bicicleta do Brasil chegou à penitenciária feminina no ano passado.

“No início do ano, em visita à empresa, juntamente com o secretário estadual de Justiça, Daniel Oliveira, reforçamos esse apoio e a empresa se comprometeu em ampliar o número de vagas. Além disso, ganhamos mais um parceiro, o grupo R. Damásio, que deve levar ainda mais oportunidade de emprego aos presídios do Estado”, destaca o diretor de Humanização e Reintegração Social da Secretaria Estadual de Justiça, Francisco Antônio de Sousa.

Outras atividades, na penitenciária Feminina de Teresina, também ajudam na ressocialização e na remissão da pena. Há quatro anos os fardamentos usados por todos os internos do sistema são confeccionados pelas mulheres desta penitenciária. “Estamos retomando as atividades. Já foram confeccionados 250 shorts que serão distribuídos pelos presídios do Estado. O curso acontece diariamente das 14 às 18 horas”, explica a coordenadora do curso, Maria Lúcia Cavalcante.

Ela conta que já trabalha na unidade há quatro anos, onde divide com as reeducandas a experiência de 30 anos como costureira. “Para algumas esse é o primeiro contato com a máquina de costura. Muitas se identificam e trabalham com isso quando ganham liberdade. Tenho várias ex-alunas que hoje são costureiras”, completa. Além do fardamento, algumas internas trabalham na produção de pães, que atendem à penitenciária e à Casa de Custódia de Teresina.

Cursos profissionalizantes chegam à Colônia Agrícola Major César

Pelo menos 46 internos da Colônia Agrícola Major César Oliveira estão sendo beneficiados com o curso profissionalizante de construção civil. A qualificação é resultado de uma parceria entre a Secretaria Estadual de Justiça e a Secretaria do Trabalho e Empreendedorismo.

A aula inaugural do projeto “Qualifica Piauí” aconteceu na última quinta-feira (28). Na oportunidade, o secretário estadual de Justiça, Daniel Oliveira, falou da importância dessa formação para garantir a reinserção dos internos no mercado de trabalho. “Precisamos dar uma segunda chance a essas pessoas que cometeram um erro no passado. Quando trabalhamos pela ressocialização, a reincidência diminui e isso é um benefício para toda a sociedade”, diz Daniel Oliveira.

O curso tem duração de 22 dias, com aulas práticas e teóricas, que acontecem na carreta do projeto. Ao final, os alunos serão certificados. Atualmente, a Colônia Agrícola possui 236 internos do regime semiaberto. Desse total, 52 trabalham fora da unidade e 38 trabalham na manutenção do presídio. “Ainda temos alguns internos que trabalham e fazem faculdade durante o dia e só retornam para a unidade à noite”, diz o gerente da Major César, Márcio França.

Segundo ele, quando há oferta de cursos é feita uma seleção dos internos, com base, principalmente, no comportamento e na disciplina. A parceria com a Setre vai se estender também à Penitenciária Feminina de Teresina, onde 90 reenducandas vão ser beneficiadas com os cursos de embelezamento e corte e costura.

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