A Polícia Federal divulgou através de uma coletiva de imprensa realizada na manhã desta terça-feira, 18 de agosto, detalhes da Operação ‘Acesso Negado’ que resultou na prisão do jornalista Tony Trindade. De acordo com a superintendente regional de Polícia Federal no Piauí, delegada Mariana Paranhos, a investigação busca cessar atos criminosos de vazamento de informações sigilosas relacionadas à ‘Operação Delivery’.
“Houve na época a prisão de cinco pessoas, a investigação mostrou que cada etapa da operação foi monitorada pelo grupo criminoso que conseguia acessar com antecedência os dados e compartilhava com os interessados, antecipando as medidas judiciais, assim como manipulavam as testemunhas e faziam estratégias para intimidar os autores da investigação”, afirmou ela acrescentando que a investigação tem participação do jornalista e de advogados que estão sendo investigados.
“A pena pode chegar a oito anos de prisão já que esse vazamento de informações sigilosas coloca em risco não apenas a investigação policial, mas também coloca em risco a vida e a integridade física dos envolvidos e por isso deve ser fortemente coibida”, declarou.
Segundo o chefe da Delegacia de Repressão a Corrupção e Crimes Financeiros, delegado Allan Reis, o nome da operação faz referência ao fato dos investigados terem tentado obter acesso ilegal as informações que estavam resguardadas. “A primeira tentativa de embaraçamento ocorreu ainda na data da apreensão do dinheiro, hoje a gente está executando a operação exatamente por que os indivíduos que foram objetos de busca e prisão realizaram monitoramento indevido e ilegal das investigações, realizaram encontros obscuros no intuito de obter informações sigilosas, acessos indevidos, apresentaram e tentaram manipular versões entre investigados e testemunhas, apresentaram atos intimidadores. Então diante desse cenário, a Justiça determinou o cumprimento de cinco mandados de busca, bem como o de prisão”, disse.
De acordo com o delegado, a prisão do jornalista não é temporária e sim preventiva, para evitar que ele continue tentando atrapalhar as investigações. “Não tem prazo, por isso visa garantir a ordem pública e a instrução criminal, esse momento provas estão sendo colhidas e serão analisadas e corre sim o risco do investigado, inclusive por ter o histórico de vazamento e ser reincidente, atrapalhar mais ainda as diligências que estão em curso, o investigado poderá ficar preso preventivamente”, esclareceu.
O chefe da Delegacia de Repressão a Corrupção e Crimes Financeiros afirmou ainda que a Polícia Federal apresentou de forma bem clara, provas para a Justiça de que o jornalista estava realizando monitoramento diário das investigações e obtendo informações de caráter sigiloso, onde só seria possível através de um processo judicial. “Essa mesma pessoa estava orientando um dos investigados para que se reunisse com testemunhas para que apresentassem depoimentos convergentes, que demonstra claramente a intenção de manipular possíveis provas, ele fala em atos intimidatórios, com a palavra forte no intuito de minimizar a repercussão das investigações. A investigação ainda vai tentar investigar que ato intimidatórios eram esses, se era para intimidar a policia ou a população”, declarou.
O delegado deixou claro que a Polícia Federal presa pelo direito constitucional de todo e qualquer jornalista. “Não estamos aqui no intuito de diminuir o acesso à informação por parte dos jornalistas, só que esse direito ele tem limites, ele não foi preso por apresentar informações na condição de jornalista, muito menos na condição de assessor do prefeito de União. Ele foi preso pelos fatos que já coloquei anteriormente você não pode estar invadindo um processo judicial sigiloso, se encontrando com funcionários públicos no intuito de obter informação sigilosa. Vale destacar que a investigação está tentando identificar esse funcionário, quando identificado vamos agir da mesma forma, nós não vamos passar a mão, se a medida for adequada a PF vai atuar. O fato de o jornalista ter acesso às informações é uma coisa, é o trabalho do jornalista, do investigador, o fato do que você faz com essa informação, a ilegalidade que você comete de posse dessas informações é o que está sendo pontuado. A Polícia Federal não investiga profissionais ou pessoas, investiga fatos, fatos que foram apresentados que foram tão graves a ponto de ser expedido um mandado de prisão”, completou.