Timon: Reservatório opera a 40% da capacidade e falta água a moradores da cidade

A rede de distribuição de água de Timon está com dificuldades em conseguir levar água até a casa da população.

Os moradores de Timon vão ter que esperar a regularização ainda pelo menos mais seis meses, diz o SAAE | Dayane Dantas/Jornal Meio Norte
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O Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) da cidade de Timon encontra-se em situação crítica. O centro exerce com exclusividade a execução dos serviços de distribuição de água e esgoto da cidade maranhense.

Todas as atividades técnicas e administrativas relacionadas aos serviços públicos deste porte são administrados pela autarquia, que trabalha em conjunto com a CEMAR.

Segundo Marcos Aurélio, o engenheiro e assessor técnico responsável por restruturar a distribuição de água na cidade, os reservatórios da cidade estão operando com apenas 40% da capacidade, o que gera interrupções constantes na oferta de água e, consequentemente, o descontentamento da população. Segundo o engenheiro, a deficiência é resultado de más decisões tomadas em administrações anteriores.

No presente momento, o trabalho do SAAE consiste em resgatar a capacidade nominal do sistema, feita através de três unidades de distribuição interligadas a 67 poços espalhados por toda a cidade.

?Queremos saber se todas as medidas implantadas anteriormente são para a renovação total do sistema ou apenas uma ?reforma?. Na verdade, a obra anunciada de expansão da rede de distribuição de água foi uma extensão do que já existia há quase 30 anos?, informa o engenheiro responsável.

Segundo Marcos Aurélio, anunciaram 4 quilômetros de nova malha de canos durante o último projeto de expansão do sistema, mas na verdade contruíram apenas 1,8 quilômetro de malha. Os 2,2 quilômetros restantes pertenciam à adutora que funcionava a quase três décadas.

Como consequência, a qualidade no abastecimento caiu, pois a unidade de distribuição do centro da cidade ficou responsável por levar água a praticamente toda a cidade. Para complicar, os canos da nova etapa são construídos de PVC, um material menos resistente às intempéries.

A perfuração de novos poços foi proporcional ao surgimento de novos bairros no município. As duas estações elevatórias construídas nos últimos cinco anos tem capacidade de vazão de 250 metros cúbicos de água por hora, mas distribuem apenas cerca de um terço desse montante.

?O que é um problema, pois os aparelhos são de última geração e trabalham com uma precisão milimétrica de vazão. Ou seja, eles danificam mais rápido quando trabalham abaixo da capacidade?, esclarece Marcos.

Distribuição regulariza em apenas seis meses

De acordo com os dados e planilhas técnicas apresentados pela Caixa Econômica Federal, o engenheiro do SAAE, Marcos Aurélio, informa que o abastecimento de água da cidade de Timon deve ser regularizado em, no mínimo, seis meses.

?Precisamos conhecer o porte do nosso sistema de abastecimento d?água, fazer os ajustes necessários para que a população sinta o benefício em suas casas.

A regularização do serviço está prevista para o verão, época em que as altas temperaturas prejudicam o bem estar da população da cidade. O serviço não pode ser restaurado com antecedência porque os técnicos ainda estudam a gravidade da situação.

Eles entraram em contato com a firma responsável pela fabricação dos canos para saber se o problema pode ser sanado sem a substituição dos mesmos.

A população está descontente com o serviço oferecido pela companhia de abastecimento. ?Eles estão descrentes.

Quando chegamos para realizar as vistorias técnicas, a população nem cobra mais por resultados, eles já desistiram de tentar. Mas eu asseguro que estamos trabalhando incessantemente para garantir a retomada da água para a população de Timon?, informa.

Técnicos do PAC fazem vistoria nas obras do sistema de esgoto

Uma comissão da coordenação do PAC chegou em Timon na última quarta-feira para vistoriar as obras da sede de abastecimento de água que está sendo construída na cidade.

A visita foi encomendada pelo SAAE para que pudessem ser analisadas as condições de construção da unidade, paralisada há meses. ?Pedimos que eles viessem aqui para que nos colocassem a par do que está acontecendo nessa obra, pois não temos nem a planta do que está sendo construído?, conta Marco Aurélio.

Segundo o engenheiro, o SAAE entrou em contato com a Caixa Econômica Federal para que eles pudessem repassar a participação deles na obra e informar a documentação técnica.

?A eles só cabe o repasse do dinheiro. O serviço relevante à contratação de empreiteiros, compra de material e fiscalização da obra é todo de responsabilidade da prefeitura, o banco não tem nada a ver com isso?, conta.

Com a vinda deles, resgatamos as informações que precisávamos sobre os sistemas operacionais de distribuição de água do bairro Vila Do Bec, conhecido como Unidade de Distribuição I; e Bela Vista, chamado de Unidade de Distribuição III.

?Desconhecíamos os movimentos técnicos e precisávamos recorrer a outros agentes que participaram do processo para verificar os problemas operacionais e ter condições de verificá-los com propriedade. Nosso compromisso é com o bem-estar dos timonenses?, fala Marco.

Poços de distribuição foram transformados em lixão

A situação preocupante em que se encontra a central de abastecimento de água continua a dar sinais de alerta.

A falta de fiscalização dos poços tubulares de Timon resultou em barbaridades. Algumas dessas localidades eram utilizadas como terreno baldio, o que aumenta o risco de doenças por parte da população.

A água, que não é tratada, apresenta um risco à saúde dos moradores da cidade. ?Meus filhos já ficaram doentes por causa da água contaminada. Não basta faltar água quase todo dia, tem que ficar em alerta até com o que sai da torneira. Não tenho condições de comprar água mineral?, desabafa a dona de casa Maria de Fátima da Cruz, indignada com a situação.

SAAE não tem conhecimento aprofundado das obras

Ocorreram vários problemas na contratação do projeto de distribuição d?água que vem sendo construído.

O SAAE só irá receber a rede de esgoto quando a obra estiver completamente finalizada. A eles só cabe a administração do serviço, feito em forma de parceria com a CEMAR.

?Quando o centro estiver operacional, o SAAE administrará?, informa Marco.

Antes da obra, o reservatório do centro ? o único da cidade ? contemplava cerca 70% da cidade e a nova obra foi feita para beneficiar os 30% restantes.

O que foi feito nada mais é que a ampliação do sistema que contempla uma área maior da cidade, com o mesmo volume de água empregado antigamente. Ou seja, a distribuição ficou ainda pior.

?O material técnico fornecido pela Caixa Econômica informa para que exatamente os reservatórios foram construídos. Ainda não se sabe a real função deles. Eles estão sendo utilizados de forma errônea, o que prejudica ainda mais a distribuição de água para a população?, informa o técnico.

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