O celular em sala de aula é um problema que ainda tira do sério muitos professores. Mas se depender da Unesco, essa realidade deve mudar. A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura publicou um guia com 10 recomendações para governos implantarem políticas públicas que utilizem celulares como recurso nas salas de aula.
O guia foi apresentado em Paris na semana passada, durante a Mobile Learning Week, e traz ainda 13 bons motivos para ter esse aliado na educação. O documento começa com uma orientação que parece simples: ter políticas que incentivem o uso das tecnologias móveis em sala de aula. Isso pode querer dizer tanto criar políticas da estaca zero ou ainda atualizar políticas que foram criadas no momento em que as tecnologias móveis ainda não eram tão acessíveis.
?As diretrizes políticas relacionadas ao aprendizado móvel que forem criadas devem estar em harmonia com as que já existirem no campo das TIC (Tecnologia de Informação e Comunicação)?, afirma a Unesco no documento. Na sequência, o guia traz à luz a necessidade de se treinar professores e de fazer isso com o uso de tecnologias móveis, para que eles também se apropriem dessas ferramenta na vida deles.
Outras recomendações presentes no documento dizem respeito à criação de conteúdo adequado e à promoção do uso seguro e saudável das tecnologias. Com essas orientações, acredita a Unesco, os governos estarão mais próximos de usufruir dos benefícios do aprendizado móvel, dentre eles ampliar o alcance e a equidade da educação e facilitar o aprendizado personalizado.
Para muitos professores, o uso dessa ferramenta na sala de aula ainda é visto como negativo. Para o professor Aristeu Araújo, usar o celular no ambiente escolar não é muito bom. Ele leciona numa escola pública de Teresina e diz que vê essa questão com outros olhos.
?Aqui na escola, quando os alunos trazem seus aparelhos, eles têm que deixar na secretaria. Não aceitamos essa utilização. Acredito que, a princípio, essa inserção poderia contribuir para um mal maior. A internet, que já está presente na maioria desses aparelhos, pode somar muito para a escola, mas também pode ser prejudicial na vida escolar do aluno?, coloca.
Quem também não se agrada com a publicação da Unesco é a professora Julia Castelo Branco. Ela comenta que hoje em dia não se tem apenas um celular nas mãos. Ele vem acompanhado de filmadora, calculadora, acesso a internet, dentre outros recursos que podem ser usados contra o processo de ensino aprendizagem. ?O aluno pode usar o celular para fazer cálculo, pode fazer filmagens dos colegas e até mesmo dos professores, que podem, em muitos casos, prejudicar a imagem da escola, e isso tudo sem falar nas redes sociais?, acrescenta.