Teresina amanhece mais triste nesta quinta-feira, 14 de outubro. Morre um dos expoentes da literatura piauiense, Manoel Paulo Nunes. A informação foi divulgada em nota pela Academia Piauiense de Letras. A causa da morte não foi divulgada. Velório será no Cemitério Jardim da Ressurreição.
Aos 96 anos, o professor Paulo Nunes exerceu diversos cargos no Piauí. Professor, conferencista, escritor, crítico literário e jornalista. Ele nasceu em Regeneração, em 14 de outubro de 1925. Bacharel em Direito pela Faculdade do Piauí. Era filho de Francisco de Paulo Teixeira Nunes e Raimunda da Silva Nunes.
Trajetória
Foi professor de Português nos colégios “Demóstenes Avelino” e “São Francisco de Sales”. Lecionou Literatura na Faculdade Católica de Filosofia de Teresina e na Universidade Federal do Piauí, onde era professor titular. Presidiu a Fundação do Ensino Superior do Estado e a Fundação Cultural do Piauí. Foi membro do Conselho Estadual de Cultura e da Comissão de Especialistas na Área de Educação (MEC). Exerceu, também, os seguintes cargos e funções: técnico em Assuntos Educacionais (MEC), Juiz do Tribunal Regional Eleitoral do Piauí e chefe da Representação da Universidade Federal do Piauí, em Brasília.
Academia Piauiense de Letras
Pertence à Academia Piauiense de Letras, ocupando a cadeira de nº 38, cujo patrono é João Francisco Ferry. A solenidade de sua posse ocorreu em 28-8-1967. Ex-presidente da Casa Lucídio Freitas. Ex- secretário de Cultura do Piauí.
Publicou, também, trabalhos nas revistas Clube dos Advogados do Brasil, secção do Piauí, e na Panóplia. Bibliografia. A Geração Perdida, ensaios e notas críticas, 1979; A província Restituída, ensaios e estudos, 1985; O Discurso imperfeito, notas para a história da educação brasileira (1988), e Tradição e Invenção, discursos acadêmicos, 1992.
Grande Mestre
Dora Medeiros, diretora do Museu do Piauí – Casa de Odilon Nunes e uma das integrantes do Conselho Estadual de Cultura, que ele esteve à frente durante muitos anos, lembra do amigo e mestre que ele foi para ela. E fala com saudade, destacando a lacuna que ele irá deixar.
Siga em paz Mestre M. Paulo Nunes, foram 96 anos dedicados à Educação e à Cultura do estado do Piauí, merece todas as homenagens à sua memória, ficará eternamente na minha lembrança. Foi muito importante na minha vida pessoal e profissional. Ele me presenteou muitos livros. Além de ser um homem incrível, íntegro, verdadeiro e humano. Pessoas assim deveriam ser eternas.
Centro Cultural em sua homenagem
E março de 2020, a zona Sul de Teresina recebeu o Centro Cultural “Professor Manoel Paulo Nunes”, para funcionar no prédio do Conselho Estadual de Cultura, entregue pelo governador Wellington Dias. Localizado no bairro Vermelha, o imóvel foi adaptado para receber pequenos shows, circuito de artes e cinema, em parceria com o projeto Piauí Conectado.
A sede do Conselho Estadual de Cultura foi totalmente reformada. A biblioteca ganhou acervo e o auditório recebeu som e tela de projeção para exibição de filmes.
CEC completou 55 anos
Em outubro de 2020 o Conselho Estadual de Cultura completou 55 anos. A solenidade de inauguração da reforma da sede do Conselho Estadual de Cultura (CEC) ocorreu em março de 2020, e foi o marco do retorno da Revista Presença, publicação tradicional do Piauí, que passou um tempo sem ser publicada, mas foi resgatada por meio do esforço e articulação de Nelson Nery Costa.
Revista Presença
A edição nº 52 da Revista Presença, fez homenagem ao professor Paulo Nunes, que ao longo da trajetória à frente do Conselho empreendeu todos os esforços para manter a publicação viva.
O acadêmico Nelson Nery Costa, atual presidente do Conselho Estadual de Cultura, lembra da importância de Manoel Paulo Nunes destacando sua trajetória. “Foi a grande referência cultural e educacional do Piauí do século XX. Para mim, foi uma pessoa muito especial. Eu sempre tive ele como amigo apesar da grande diferença de idade”, diz Nery destacando que, Paulo Nunes foi responsável principal pela sua ida para a Academia Piauiense de Letras. “Foi um grande líder da Academia Piauiense de Letras, a maioria dos seus membros atuais foram chancelados por eles”, relembra Nery que teve seu apoio para se tornar presidente da APL.
Marco
Ele ficou vinte anos como presidente do Conselho Estadual de Cultura, um grande marco que, dificilmente, alguém irá bater, em sua opinião. “O professor Paulo Nunes me estimulou a entrar no Conselho Estadual de Cultura, do qual ele foi presidente vinte anos, e depois me incentivou a me tornar presidente do Conselho, uma escolha dos seus membros”.
Nery ainda lembra de suas paixões na literatura. “Ele era um apaixonado por Eça de Queiroz, grande escritor português e , também, por Graciliano Ramos”.
Exemplo de dignidade, de retidão moral, de liderança, de trabalho, de conhecimento e de sensibilidade social. Foi um homem circunspecto, às vezes considerado difícil, mas que gostava de uma boa risada, de um bom vinho e de uma boa literatura. Deixou sua marca e saudade sobre todos nós que trabalhamos com cultura, e principalmente, uma herança dele que foi o Conselho Estadual de Cultura que é o Centro Cultural M. Paulo Nunes.
O Conselho Estadual de Cultura divulgou nota com relação ao falecimento do professor Manoel Paulo Nunes.