Teresina vai gastar uma cifra superior a R$ 82 milhões com lixo durante o ano. O valor exorbitante é maior que a arrecadação do IPTU do município e as causas deste gasto elevado são as más condutas dos próprios teresinenses. Seja jogando lixo no chão, entupindo galerias, ou jogando entulho em terrenos baldios, a ação danosa traz riscos para a saúde dos habitantes e as contas da cidade.
Para dar um choque de realidade nos habitantes da capital, a campanha Todos Contra o Lixo é um sucesso na web. Os memes divertidos que explicam a situação do lixo em Teresina têm viralizado nos grupos de whatsapp. A ideia é conscientizar a população através do humor para um assunto sério: o descarte irregular, que termina sendo uma grande pedra no sapato da contribuição do município.
Com o que a prefeitura gasta para arrecadar o lixo domiciliar e o irregular descartado nas ruas dava para construir 106 Unidades Básicas de Saúde (UBS) por ano, levando em conta uma unidade de porte IV, que custou R$ 773.000,00. Frações altas para demandas que poderiam ser solucionadas com um pouco de educação e compreensão, além de um sentimento positivo com o que é público.
É o que explica Fernando Said, secretário municipal de Comunicação, que está à frente da campanha. “Estamos criando um movimento envolvendo a população de Teresina para que as pessoas fiquem engajadas. Nós percebemos que temos muito desperdício de recurso em razão do descarte irregular de lixo”, explica.
A campanha também está com uma petição on-line na Plataforma Avaaz. A ideia é juntar 10 mil assinaturas contra os “sujões” de Teresina. No manifesto, os habitantes pedem mais responsabilidade com o descarte de resíduos sólidos.
Teresina: 204 mil toneladas de lixo recolhidas ao ano
De acordo com números da Semduh, é recolhido mensalmente em Teresina mais de 17 mil toneladas de lixo todos os meses. Isso significa que em um ano, a capital produz 204 mil toneladas de lixo. O dado não leva em consideração o descarte irregular, que é outro problema sério da capital, principalmente com a chegada das chuvas e a combinação perigosa de lixo e água parada, criadouro do mosquito Aedes aegypti.
Fernando Said explica que “nossa coleta de lixo atende quase que 100% do município. Os caminhões de lixo têm um horário determinado para passar. O problema é que muitas vezes o horário de coleta do lixo é, por exemplo, às 19h, e a pessoa coloca o lixo 14h. Isso atrai pragas e o mau cheiro incomoda as pessoas. Faltam alguns ajustes na educação do teresinense”, avalia.
O simples ato de jogar lixo no chão também preocupa as autoridades. “O descarte irregular também é um absurdo. Perto de terrenos, por exemplo, as pessoas jogam lixo pela janela. Tem um exemplo clássico no Promorar e na região da Água Mineral. O povo coloca lixo nas avenidas”, aponta o secretário de Comunicação.
A campanha nas redes sociais funciona como uma brincadeira educativa. “Estamos fazendo uma campanha através das redes sociais. As pessoas precisam perceber que é uma questão de educação que custa muito para a prefeitura. As pessoas que podam árvores jogam os restos em qualquer esquina. Os nossos PPR são pouco utilizados, porque as pessoas preferem jogar em qualquer lugar. O lixo entope galerias, aumenta o custo”, acrescenta. (L.A.)
Janeiro a outubro: balanço é superior a R$ 75,5 milhões
A Prefeitura Municipal de Teresina gastou R$ 75,5 milhões com lixo somente nos meses de janeiro a outubro de 2018. O balanço de todo o ano deve superar os R$ 82 milhões. Coleta domiciliar, coleta seletiva, implantação dos Pontos de Recolhimento de Resíduos (PPR) e educação ambiental custa, aos cofres municipais a cifra de R$ 28 milhões, mais R$ 7 milhões para investimentos com disposição final no aterro sanitário.
No entanto, apenas para monitoramento e conservação urbana através das Superintendências de Desenvolvimento Urbano são desembolsados R$ 40,5 milhões. (L.A.)