Terceirizados ameaçam greve com quatro meses de salários atrasados

Seeacep indica crise no setor com mais de 5 mil demissões

Seeacep | Leo Vilari
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Os terceirizados do Sindicato dos Empregos em Empresas de Asseio e Conservação do Estado do Piauí (Seeacep) denunciam uma verdadeira crise do setor. Com até quatro meses de salários atrasados, ameaça de grave e 25% dos funcionários do setor demitidos, o Sindicato também denuncia o não pagamento de tickets alimentação e vale-transporte.

Para Maria José da Silva, presidente do Seeacep, a situação está “insustentável”. “Estão acontecendo muitos atrasos, e agora complicou muito. Do dia 20 de dezembro para cá, os patrões notificaram o Estado por conta de uma dívida de R$ 100 milhões. O Estado não paga as empresas. Chega ao ponto que os órgãos estão devendo esses empenhos, mas quem é prejudicado, sempre, é o trabalhador”, denuncia.

Maria José, presidente do Seeacep. Crédito: Leo Vilari.

A sindicalista cita várias empresas devedoras. “Belas Artes está devendo três meses, a Mutual também deve, a Limpel… Essa só Jesus na causa. Deve muito mais. São quatro meses, fora uma parte do décimo terceiro do ano passado. Nada de ticket alimentação, vale transporte, nada. Fora as férias vencidas”, desabafa.

Para completar, as demissões em massa ameaçam os trabalhadores do setor. “O Governador diminuiu gastos. Somos mais de cinco mil demitidos. Somente a Servfaz demitiu 400 até janeiro, além da Limpel, Belas Artes e Mutual. Nós não sabemos como ficarão os salários atrasados e as rescisões. Simplesmente 25% da categoria foi posta para fora”, acrescenta Maria José.

A presidente do Seeacep relata centenas de pessoas em condições de extrema pobreza por conta dos salários atrasados. “O terceirizado hoje em dia não tem moral, respaldo, nada. Deixam de pagar terceirizado para pagar comissionado que não faz nada. O terceirizado não pode pagar as contas em dia. Tem trabalhador que chora porque foi expulso de casa sem lugar para morar. Já foi cortada a luz, a água… É obrigado a gente fazer uma greve para conseguir receber um mísero salário dos vários que estão devendo”, aponta.  

O Seeacep ameaça greve geral no Detran-PI por conta dos salários atrasados. Os trabalhadores estão há quatro meses sem receber salários, tickets alimentação, vale transporte e demais direitos estabelecidos somente neste órgão. De acordo com o Sindicato, caso o Detran-PI não regularize a situação em até 24h, todos os trabalhadores devem cruzar os braços. “Isso em cima de assédio moral e muitas ameaças”, considera Maria José.

Garis são transportados de forma insalubre

Os sindicalistas também denuncia uma empresa contratada pela Prefeitura Municipal de Teresina para a coleta do lixo. “O Sindicato sempre tem um acordo coletivo com a Litucera. Até porque temos regras de convenção de acordo. Essa parte de ônibus é reservada. Não pode acumular o material que eles trabalham o dia todo, como carro de mão e enxada. No próprio ônibus tem uma parte para colocar o material, após o Ministério Público cobrar. Mas a gente não vê isso na prática. A prefeitura cede os ônibus à Litucera e eles agem desta maneira”, explica Maria José, presidente do Seeacep.

Sindicato denuncia insalubridade. Crédito: Leo Vilari.

A estrutura dos ônibus é caótica. “São ônibus caindo aos pedaços. Um risco de acidente muito grande. Não tem nem assentos para os trabalhadores, avalie cinto de segurança. Os pneus horríveis. O risco é um acidente e muita gente inocente morrer ou se machucar”, acrescenta Maria José.

Empresas travem impasse com gestão pública

A reportagem do Jornal Meio Norte buscou a Secretaria da Fazenda do Estado do Piauí (Sefaz) para entender os atrasos dos terceirizados e o não pagamento das empresas responsáveis por serviços diversos em asseio e conservação de órgãos públicos. Em nota, a Sefaz informa que os pagamentos serão realizados após a abertura do sistema financeiro da pasta, que deve ocorrer em fevereiro.

Quanto às empresas em atraso, somente a Mutual deu um posicionamento à reportagem. Segundo a direção da empresa, apenas o mês de dezembro está em aberto e que outras empresas estão em situação muito pior. Somente os contratos com o Governo do Estado estão em atraso, por conta da ausência dos pagamentos. A Mutual exemplifica, ainda, que contratos com a Prefeitura Municipal de Teresina estão em perfeita normalidade porque os pagamentos estão em dia. 

Sobre a situação dos ônibus, a Prefeitura Municipal de Teresina informa que o transporte dos trabalhadores é de responsabilidade da empresa contratada, a Litucera. Assim como as empresas Belas Artes, ServFaz e Limpel, a Litucera também não apresentou retorno aos telefonemas da reportagem do Jornal Meio Norte.

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