O deslizamento de lixo na tarde desta quarta-feira (28), em Campo Grande, que soterrou um menino de 10 anos, por pouco não encobriu também uma criança de 11 anos que estava junto com a vítima. Os dois garotos recolhiam garrafas e latas em meio aos materiais depositados no aterro quando parte do montante cedeu. As buscas continuaram durante a madrugada, mas o garoto ainda não foi encontrado.
?Tentei ajudar, mas não consegui?, disse o colega da vítima ao G1. Segundo ele, a queda da pilha de lixo aconteceu rápido e não houve tempo para fugir. A criança relata que escapou porque conseguiu correr por cima da avalanche de material que descia. ?Ele [vítima] começou a rolar no meio do lixo e eu fui pulando?, contou.
Catadores de lixo que trabalham no local ouviram o barulho e foram ao local para ver se havia vítimas. Eles mandaram o menino de 11 anos subir a encosta de lixo para evitar que fosse soterrado por um novo deslizamento. ?Fiquei muito assustado com todo aquele lixo?, disse o garoto. ?O lixo começou a rachar?.
Os pais da vítima foram ao local acompanhados por amigos e parentes. A mãe não quis conversar com a imprensa. Já o pai, que trabalha como pedreiro, disse não saber que a criança frequentava o local. ?Isso é muito revoltante, não saber se meu filho vai sair daqui vivo?, disse ao G1. Ele e a mãe do menino soterrado são separados. O casal tem outros quatro filhos além da vítima.
O trabalho dos militares do Corpo de Bombeiros começou por volta 16h30 (horário de MS). Os socorristas tentaram cavar o local com pás, mas o lixo ameaçou ceder e o resgate teve que ser interrompido. Uma retroescavadeira foi levada ao local. A grande quantidade de lixo prejudica a locomoção da máquina. Os bombeiros calcularam que levaria cerca de duas horas para chegar ao ponto onde o garoto estaria soterrado.
As buscas continuaram por toda a madrugada desta quinta-feira (29) e, até agora, o garoto não foi encontrado. Os bombeiros chegaram a interromper o trabalho para avaliar a situação, pois havia risco de novos deslizamentos. Eles decidiram continuar por tempo indeterminado.
A Polícia Militar deve levar cães farejadores do Companhia Independente de Gerenciamento de Crises e Operações Policiais Especiais (Cigcoe) para colaborar no trabalho dos bombeiros.