Uma empresária presenciou a morte do próprio marido após salvar o filho de um acidente de avião. Silvana Maria Varnier aguardava Sérgio e Ernesto em Tangará da Serra (MT), neste domingo (7), quando viu a aeronave da empresa da família cair e, segundo ela, agiu por impulso. “Na hora você tem o instinto, você não pensa em nada, você vai.
Até começaram a gritar que eu tinha de sair de perto do avião, senão eu ia explodir junto, mas na hora você não pensa em nada. Você pensa em salvar a família. Nem raciocinei”, contou à Folha de S. Paulo. Segundo ela, o marido Sérgio ficou preso pelo motor do avião e, como o fogo aumentava, não conseguiu ajudá-lo. “Não tinha extintor, não tinha ninguém por perto. Estávamos nós duas sozinhas ali. E daí, em seguida, o avião explodiu com ele dentro”, lembrou.
Ela conseguiu retirar o filho a tempo e o levou para o hospital no próprio carro. O piloto do monomotor foi operado e está na UTI. “A gente sabe o que é uma queda de avião. É impossível alguém sair vivo. E o meu filho conseguiu sair, ele só teve uma lesãozinha no pescoço, mas está caminhando normalmente. Foi um milagre ele ter saído vivo”, concluiu.
O depoimento:
"Estava esperando meu marido e meu filho no aeroporto [de Tangará da Serra, Mato Grosso]. Eles estavam chegando de uma viagem à Alemanha, de um encontro da Bayer. Nossa família planta algodão e soja, e o Ernesto [filho] já trabalha na empresa. Eles chegaram a Guarulhos [Grande SP], pegaram o voo até Cuiabá e, de Cuiabá, eles vieram com o avião da nossa empresa, um avião particular. Sempre voavam, estavam acostumados a voar nas fazendas. O Ernesto é meu filho do meio. Tenho mais três filhas. Eu sempre os espero no aeroporto porque fica longe de casa. Eles já estavam fora havia uma semana. Era comum esse tipo de viagem. Aquele foi um dia normal, quente, como sempre, não teve nada diferente. A gente não tem nem ideia de como aconteceu o acidente. Simplesmente eu estava lá esperando e a aeronave caiu. Estávamos só eu e a Suellen [filha] no aeroporto [à espera de passageiros]. E fomos nós que corremos para lá [o local da queda do avião]. Eu corri com o carro, eu e a Suellen, que tem 20 anos e estava com a perna quebrada. Eu socorri, nós ajudamos. E meu marido ficou... O motor do avião caiu nas pernas dele, prensou e eu não consegui...O fogo vinha muito rápido, eu nem pude ficar mais muito perto para tentar, porque daí tinha o risco de explosão. Não tinha extintor, não tinha ninguém por perto. Estávamos nós duas sozinhas ali. E daí, em seguida, o avião explodiu com ele dentro. O Ernesto até conseguiu descer um pouco [do avião], aí eu puxei ele, ajudei, o amparei. Ele estava do outro lado, porque o avião tombou meio de lado, então conseguiu sair. Corri com ele para o hospital. Não esperei nada, porque a ambulância, o Samu, demorou um pouco para chegar. O risco de hemorragia era grande. Porque o meu marido, bem dizer, já estava pegando fogo, não tinha mais o que fazer por ele. Na hora você tem o instinto, você não pensa em nada, você vai. Até começaram a gritar que eu tinha de sair de perto do avião senão eu ia explodir junto, mas na hora você não pensa em nada. Você pensa em salvar a família. Nem raciocinei. A gente sabe o que é uma queda de avião. É impossível alguém sair vivo. E o meu filho conseguiu sair, ele só teve uma lesãozinha no pescoço, mas está caminhando normalmente. Foi um milagre ele ter saído vivo. O piloto foi operado, está na UTI. No hospital, até fiquei inteira, como se diz, porque eu queria muito ajudar o filho. Para dizer a verdade, ainda nem caiu a ficha [da morte do marido]. Não é fácil".
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