As universidades são consideradas grandes centros de pesquisa tecnológica que podem estar aliadas a soluções de questões sociais. Hoje, projetos de pesquisa na área de tecnologia investem em aplicativos para smartphones a fim de aliar o conhecimento acadêmico e prestação de serviço à população. Dessa forma, o Laboratório de Sistemas Onipresentes e Pervasivos (Opala), grupo formado por professores e alunos do curso de Ciências da Computação da Universidade Estadual do Piauí (Uespi) são exemplos de como a tecnologia informativa pode ser inserida na sociedade.
Criado no ano de 2012 por professores pesquisadores, o Opala leva à população formas úteis e fáceis do uso da tecnologia. Hoje, o grupo é composto por 11 professores e 30 alunos, incluídos no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) e Projeto de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), atuantes nas áreas de Redes de Computadores, Engenharia de Software e Inteligência Computacional.
O professor José Bringel Filho, do curso de Ciências da Computação e pesquisador do Opala, conta que o objetivo da implementação do Laboratório não foca somente na pesquisa em si, mas quer ir além. “Buscamos executar projetos que tragam um retorno funcional dentro da pesquisa. Queremos aproximar as pessoas da tecnologia por meio de aplicativos, pois eles tem foco em atender as necessidades do dia a dia. Por isso, auxiliamos as pessoas nesse processo”, diz.
Dessa forma, o Opala realiza pesquisas abrangendo dois públicos: o universitário e a sociedade. A universidade capacita o primeiro a usar o conhecimento para situações do cotidiano, como é o caso dos aplicativos De Olho na Cidade (utiliza a participação da comunidade para o cuidado de sua cidade) e MyOpinion (canal de comunicação entre clientes através de um questionário), além do “De Olho no Placar”.
Guilherme de Melo, gerente de P&D do grupo, acredita que os aplicativos chegam em um momento em que a sociedade tem consciência dos problemas sociais, porém não identifica o que pode servir como solução. “Com isso, as pessoas convivem nesse dilema e a solução nasce muitas vezes de um problema. Nesse momento, o pesquisador se destaca pois ele enxerga além, transformando a pesquisa em produto”, afirma.
E os alunos garantem a qualificação necessária. Natan Silva Pedrosa, estudante do oitavo bloco de computação, é um exemplo que a pesquisa ajudou na formação fora do país. O mesmo chega de uma temporada nos Estados Unidos através do programa Ciências Sem Fronteiras, e pode trazer a experiência para a instituição de ensino.
“Por isso, acredito que os aplicativos ajudam a aproximar as pessoas das entidades governamentais para solução de problemas locais como saneamento básico e problemas urbanos”, afirma.
Opala consolidado positivamente
Os resultados positivos do grupo Opala confirmam a importância do projeto. O aplicativo “De Olho na Cidade” ganhou repercussão local e nacional, tendo a Prefeitura de Teresina e o Governo do Estado implementando dentro do sistema de ouvidoria.
Por isso, Bringel Filho acredita que o Piauí é capaz de inovar na área de indústria do conhecimento para que surjam mais aplicativos e fortaleça o ecossistema. “Ficamos felizes, pois dessa forma outras iniciativas ganharam força e pudemos libertar o sentimento de capacidade de muita gente que não acreditava. Além disso, levamos confiança e motivação a nossos alunos”, finaliza o professor Bringel.
Aplicativos atendem problemas da população
Através de trabalhos acadêmicos e com colaboração de alunos e professores, o Opala conta com três aplicativos distribuídos a celulares com sistema Android. São eles: “De Olho na Cidade”, “De Olho no Placar” e “MyOpinion”.
Bringel explica que o “De Olho na Cidade” é um aplicativo de construção colaborativo. Ele consiste em um mapa em que as pessoas podem apontar os problemas da cidade permitindo a publicação de suas causas. Também é uma forma de conscientização e motivação no sentido de apontar os problemas da cidade e que eles alcancem o poder público.
O “De Olho no placar”, é usado na prática esportiva do badminton. O aplicativo é um placar digital de marcação da pontuação de modalidades esportivas. A ideia é estender futuramente a outros esportes.
O “MyOpinion”, é utilizado para informar a opinião de clientes sobre atendimento ou outros questionamentos. A informação chega ao dono do estabelecimento e também pode ser associados a produtos, de forma a propiciar a ampliação da qualidade dos serviços.
“Temos ainda o aplicativo Escola Com Você, que ainda não foi lançado. É uma rede social entre pais, alunos e escolas e tem a função de melhorar a mobilidade urbana da região onde a escola está inserida. Dessa forma, quando chegar próximo a escola, o pai clica e o porteiro recebe a foto com o rosto do filho informando que o pai está indo buscá-lo”, conta o professor.