Mais de 270 mil pessoas já se cadastraram na rede social brasileira Passei Direto. Criada por dois alunos da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), a rede é essencialmente acadêmica e reúne universitários de diferentes cursos e instituições para compartilhar exercícios, resumos e trabalhos. A intenção é chegar a um milhão de cadastrados até o final do ano.
A rede é resultado da união dos universitários André Simões e Rodrigo Salvador, dos cursos de Administração e Engenharia da Computação, respectivamente. Ambos tiveram a ideia de criar uma rede social focada no compartilhamento de assuntos acadêmicos, mas não se conheciam. Rodrigo tinha o site "Campus Virtual" e André colocava em prática as técnicas de programação aprendidas na universidade no Passei Direto.
André conta que os dois se conheceram através de um amigo. Na época, Rodrigo participava de um processo seletivo para uma aceleradora de empresas e eles acabaram juntando seus projetos. Resultado: foram aprovados. As boas notícias não pararam por aí, ao pedir demissão de uma empresa voltada para o mercado de Internet, André mostrou o Passei Direto para seus diretores e ganhou o seu primeiro investidor, o grupo brasileiro Xangô.
No ar desde agosto de 2012, a rede fez tanto sucesso que acabou fechada para reestruturação. O Passei Direto reabriu suas portas no último dia (10) de setembro durante o Passei Direto Open, evento online que expandiu a rede para todas as universidades.
André Simões conta que o acesso foi fechado para melhorar o produto para o lançamento no "PD Open". ?O evento consiste em abrir a rede para todas as universidades com a criação da grade curricular colaborativa. Os próprios alunos ajudam a criar as grades de seus cursos?, explica. A qualidade do conteúdo das grades é garantida por um sistema de denúncia, por meio do qual os próprios alunos podem corrigir as grades que foram criadas erradas.
Conexão com Facebook
Para fazer parte do Passei Direto, o usuário preenche o tradicional formulário de cadastro ou entra com um clique, via Facebook. A partir daí, informa a faculdade que estuda e o curso. Uma vez dentro da rede, o aluno encontra todas as disciplinas de seu curso cadastradas e pode interagir por meio de comentários, compartilhamento de arquivos com exercícios e outros materiais, além de ter a possibilidade de fazer perguntas.
?O bacana é que quando um aluno faz uma pergunta em uma disciplina, ele pode ser ajudado por estudantes de outras universidades que cursam o mesmo curso. Assim como uma pessoa de uma faculdade pode ter acesso ao conteúdo de outras?, aponta.
A integração com o Facebook permite que o perfil do aluno seja preenchido com as informações fornecidas à rede de Mark Zuckerberg. A conexão oferece ainda a possibilidade de o aluno, dentro da página de cada disciplina, convidar um amigo através do Facebook para essa matéria. E também pode compartilhar no Facebook um arquivo do Passei Direto.
Com o compartilhamento de conteúdo acadêmico como carro-chefe, o Passei Direto tem como grande desafio o estímulo dessa ação. Uma das maneiras de estimular o sharing é a criação de um sistema que dá pontos ao usuário a partir de três ações: compartilhamento de material relevante, publicação de boas respostas e formulação de boas perguntas.
?O usuário entra na rede com zero pontos e à medida em que faz essas interações, vai ganhando pontos e passando de level. Dessa maneira conseguimos montar rankings do curso da pessoal, de toda sua universidade e até de todo o Passei Direto?, explica.
O estudante ressalta que só enviar um arquivo, responder ou fazer perguntas não garante pontos. Isso só acontece quando outro usuário aprova ? por meio do botão like ? um arquivo ou faz download desse material. A opção pelo ?curtir? foi a forma encontrada para evitar o upload de arquivos ruins só para ganhar pontos. ?Queremos qualidade para perguntas e respostas. O ponto é dado apenas quando a pessoa ganha um voto positivo?, diz.
Passei Direto para quem já passou
Para quem se interessou pela ideia de interagir com conteúdo acadêmico em ambiente virtual a boa notícia é que existe a possibilidade de a rede ser aberta a não universitários. Segundo André, o intuito é dar acesso ao conteúdo a quem não cursa universidade. ?Ele pode ajudar respondendo uma pergunta, por exemplo?, diz. Entretanto, o estudante frisa que o objetivo principal é dar a melhor experiência possível para quem ainda está no ensino superior.
Móvel
O rápido crescimento do Passei Direto na web e o intenso uso do celular por parte dos alunos tornou necessário o desenvolvimento de aplicativos para sistemas iOS e Android.
As versões mobile da rede para os dois sistemas operacionais serão lançadas em outubro. ?Existe grande possibilidade de que o Android saia antes, no começo de outubro?, adianta André. De acordo com ele, os estudantes verão as mesmas funcionalidades apresentadas no site e ganharão um extra: um calendário, no qual o usuário pode marcar dia, hora e local de suas aulas e provas.