O Ministério da Saúde publicou nesta sexta-feira (16) um conjunto de novas metodologias para a realização de testes anti-HIV que ampliam as formas de realização do exame e tornam o diagnóstico mais rápido no país. Publicada no Diário Oficial da União, a portaria 151 autoriza a realização de testes com sangue seco, utilizando a coleta em papel-filtro. Na prática, essa metodologia permite o envio de material pelo correio, levando os meios de diagnósticos dos centros urbanos aos locais mais distantes, onde não há capacidade laboratorial disponível.
?Tecnicamente, as amostras de sangue seco não são consideradas biologicamente infecciosas, o que facilita o manuseio e o transporte até o laboratório?, explica o Ministério da Saúde, em nota. ?A principal vantagem do método é o armazenamento da amostra de sangue por até 12 semanas sem refrigeração. Essa metodologia, por sua praticidade, dispensa a necessidade de coleta e transporte especializados, baixando conseqüentemente o custo dos exames?, complementa o ministério.
As novas regras que começaram a valer nesta sexta valem para as redes pública e privada de todo o país. Elas reduzem de três para duas as etapas pelas quais a amostra de sangue positivo para HIV tem de passar antes da conclusão do resultado. Com isso, o Ministério da Saúde acredita que irá conferir maior agilidade no processo de diagnóstico da infecção pelo HIV e também poderá permitir maior praticidade para os laboratórios.
Outra nova metodologia incluída no rol dos exames é a que utiliza a biologia molecular para detecção do HIV. Segundo o ministério, essa tecnologia é importante porque identifica o vírus e não os anticorpos produzidos pelo organismo e será utilizada para auxiliar o diagnóstico da infecção pelo HIV em casos de resultados indeterminados, principalmente em gestantes.
HIV no Brasil
Atualmente, estima-se que o país tenha 630 mil infectados pelo HIV no país. Desse total, aproximadamente 255 mil estão infectados e ainda não fizeram teste. Ampliar a oferta da testes para o vírus é uma das prioridades, diz o ministério.
Entre janeiro e agosto deste ano, as 27 unidades da federação receberam 1,3 milhão de dispositivos para realização dos testes rápidos, três vezes mais testes do que o mesmo período no ano passado. Também foram, capacitados cerca de 4,5 mil profissionais de saúde de todos os estados.
Pesquisa
Dados de pesquisa de comportamento realizada pelo Ministério da Saúde em 2008 mostram um aumento de 67% do número de pessoas que já fizeram exames no país. Em 1998, apenas 24% da população entre 15 e 54 anos havia se testado, em 2008 esse índice foi de 36,5%.
De acordo com a Pesquisa de Comportamento, Atitudes e Práticas na População Brasileira (PCAP) 2008, a região em que as pessoas mais realizam testes para a detecção da infecção pelo HIV é a Centro-Oeste, com 43,8%. No Sudeste, 41% já fizeram o exame e no Sul o percentual foi de 38,9%. O menor percentual por região é o da Nordeste, com 26,6%. No Norte, 31,9% se testaram para o HIV.
Teste rápido
A forma como se realizam os exames que apresentam o resultado em meia hora também mudará. Na portaria anterior de 2005, o diagnóstico da infecção pelo HIV era realizado com dois diferentes testes rápidos previamente validados pelo Ministério da Saúde. O profissional coletava o sangue na ponta do dedo do paciente e colocava nos dois dispositivos de testagem. Se os resultados fossem os mesmos, o diagnóstico era conclusivo. Se houvesse discordância, era feito um terceiro teste para conclusão. A nova portaria estipula que os testes sejam feitos de forma sequencial e o segundo será realizado apenas em caso de resultado positivo.