Um site ligado às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) informou neste sábado que foi invadido por um "hacker" que postou um suposto comunicado da guerrilha segundo o qual, supostamente, os rebeldes aceitavam um desarmamento, uma desmobilização e davam sinal verde ao acordo jurídico para a paz estudado pelo Congresso do país.
"Quem têm recursos para pagar "hackers" e tentar dar legitimidade a uma lei feita para proteger terroristas de estado?", questiona o radiocafestereo.nu, site que divulgou ontem o comunicado. "Um comunicado em nome das Farc-EP foi colocado em nossa página, e não temos clareza de sua procedência", disse o portal.
Ainda segundo o site, o "marco jurídico para a paz" que atualmente é debatido pelo Congresso colombiano "visa tirar da prisão militares e outros personagens condenados por massacres e outros crimes contra o povo colombiano". A página, hospedada fora do país, explicou que "as senhas da administração do site foram mudadas, tornando impossível a correção rápida desta informação", e anunciou que investiga a invasão e pôs no ar "a cópia de segurança da página de dois dias atrás, e por enquanto tudo parece corrigido". O esclarecimento termina com outra dúvida: "O que pretendem continuando a enganar a Colômbia e o mundo?"
A nota segundo a qual a guerrilha falava pela primeira vez em largar as armas gerou tamanha repercussão na Colômbia que o próprio presidente Juan Manuel Santos anunciou que o governo investigaria sua autenticidade. "Se for autêntica, daremos as boas-vindas a esta atitude, mas novamente o povo colombiano, pela experiência que tem, é cético. Somos como São Tomé, para crermos, precisamos colocar o dedo na ferida", afirmou Santos.
"As palavras, por mais bonitas que sejam, não são suficientes. Queremos ações, se houver ações, haverá paz", acrescentou. Santos respondeu dessa forma ao comunicado divulgado na sexta-feira no site Cafe Stereo que indicava que as Farc aceitavam o marco jurídico para a paz e pela primeira vez "anunciavam" que estavam dispostas a deixar as armas e a se desmobilizar. "Para os inimigos do povo, que sempre acharam que a guerrilha nunca se submeteria à entrega das armas e à desmobilização, esta é a oportunidade para lhes dizer que com o "marco jurídico para a paz" vemos uma janela aberta para que isso ocorra", dizia o texto.
Habitualmente, a guerrilha colombiana divulga seus comunicados e entrevistas em sua página oficial (www.farc-ep.co). Também costuma fazê-lo na página da chamada Agência de Notícias Nova Colômbia (Anncol).
O suposto comunicado das Farc, uma carta dessa guerrilha ao presidente da França, François Hollande, e a libertação do repórter francês Roméo Langlois aconteceram em meio à reta final da discussão do Congresso sobre o acordo jurídico para a paz - uma proposta governamental que busca ferramentas jurídicas para desenvolver um futuro diálogo com as guerrilhas e firmar as bases para a negociação de uma saída política ao conflito armado que afeta a Colômbia há quase 50 anos.