A primeira pesquisa nacional sobre aborto no Brasil traça um novo perfil da mulher que interrompe a gravidez. Ao contrário do que se pensava, a maioria não é de jovens solteiras, e sim de mulheres que têm um companheiro. Quase 60% delas também têm filhos. Quanto maior o grau de escolaridade, menor o número de mulheres que fizeram aborto. Entre as regiões, a Nordeste foi onde os pesquisadores registraram maior número de mulheres que declararam já ter feito aborto alguma vez na vida. A região de menor índice foi a Sul.
Foram ouvidas 2.002 mulheres das capitais, todas elas alfabetizadas e com idades entre 18 e 39 anos. O resultado: de cada grupo de 100 brasileiras, 15 já fizeram pelo menos um aborto. O mais surpreendente: já no fim da idade reprodutiva, entre 35 e 39 anos, de cada cinco mulheres, uma já fez um aborto. A pesquisa também mostra que quase metade das mulheres (48%) disse que usou remédios para induzir o aborto ? e 55% tiveram de ser internadas depois.
O levantamento, realizado pelo Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero (Anis) e pela Universidade de Brasília (UnB), não abordou por que a entrevistada que recorreu ao aborto decidiu interromper a gravidez.