Empresa lança câmeras do primeiro “satélite brasileiro”

O desenvolvimento do projeto, que durou cerca de três anos, levou a empresa a se tornar uma das únicas do mundo

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A empresa de tecnologia ótica Opto, de São Carlos, anunciou ontem a conclusão do projeto de construção das duas câmeras que integram o satélite sino-brasileiro Cbers-3, o primeiro cujas peças principais foram produzidas no Brasil.

O desenvolvimento do projeto, que durou cerca de três anos, levou a empresa a se tornar uma das únicas do mundo a possuir a tecnologia ótica necessária para funcionamento deste tipo de câmera em gravidade zero e no vácuo.

Além disso, o anúncio garantiu ao Brasil a independência tecnológica para tal produção, após um boicote dos EUA, que decidiram não exportar os componentes necessários.

"Eles se negaram a nos vender a tecnologia no meio do projeto, o que até atrasou um pouco o cronograma. Mas o resultado foi bom, uma vez que a vencedora da licitação [Opto] conseguiu, em 11 meses, desenvolver a tecnologia completa", disse o ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende.

O satélite, o terceiro de uma série de cinco em parceria com a China, tem lançamento programado para outubro de 2010 naquele país. O governo federal vai utilizá-lo como mais uma ferramenta no combate ao desmatamento e avaliações de produções agrícolas.

A Opto, fundada há 22 anos por docentes da faculdade de física da USP em São Carlos, destacou 70 profissionais para o projeto, dos quais 15 são doutores e 22, mestres, segundo o presidente da empresa, Jarbas Castro. "O lançamento do satélite será o nosso vestibular. Depois disso, passaremos a exportar a tecnologia produzida aqui para o resto do mundo."

O projeto custou cerca de R$ 100 milhões e só a câmera de alta definição (chamada de Mux), principal peça do satélite, vale R$ 50 milhões. O governo federal já investiu cerca de R$ 500 milhões no programa Cbers, segundo o ministro.

A cerimônia, ontem, contou com a presença das principais autoridades envolvidas no Programa Espacial Brasileiro. Além do ministro, estavam o diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Gilberto Câmara, e o diretor científico da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), Carlos Henrique de Brito Cruz.

O evento foi marcado pelo elevado nível de segurança na sede da empresa, em São Carlos. A imprensa não pôde sair de um canto do salão onde foi realizado o lançamento. A assessoria de imprensa da Opto informou que o excesso de segurança se deu pela presença do ministro e pela necessidade de manter o segredo industrial da tecnologia desenvolvida.

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