O vice-presidente e gerente geral de educação da Enciclopédia Britânica, Michael Ross, apresentou um panorama sobre tecnologia e educação durante a Contec 2014, em São Paulo. A conferência, uma realização da Feira do Livro de Frankfurt, em parceria com o Sesc SP, discute educação, tecnologia e literatura com escritores, professores e desenvolvedores interessados no futuro da aprendizagem interativa, com reflexo nos meios digitais nas escolas. Para Ross, a "educação digital é necessidade".
?As crianças são fluentes na tecnologia, estão envolvidas e inseridas em ambiente digital por meio de videogames, Internet, e celulares. Os editores e educadores precisam lidar com isso e descobrir um jeito de fazer essas tecnologias vingarem nas suas áreas?, disse o executivo.
Para Ross, a tecnologia é presente nas salas de aula e não está presa às bibliotecas ou e-books. Ele acredita que o impacto pode ser visto de modo positivo. ?As crianças estão tendo um bom desempenho nas escolas graças às tecnologias. Às vezes, a criança não está interessada na matéria, até que ela entra em contato com os meios digitais e o interesse aumenta", explica.
Preocupado com a leitura, formação escolar e com o repertório das crianças, o diretor regional do Sesc São Paulo, Danilo Miranda, defende o pensamento crítico e a necessidade de se discutir a mediação da tecnologia na educação antes de sua adoção desenfreada, e há pontos positivos. ?Usar tecnologias pode permitir o aprimoramento de comunicação e de troca entre as pessoas. Por isso é interessante pensar e atuar sobre a tecnologia, discutir sua origem, seus sentidos e suas possibilidades?, disse Miranda.
Michael Ross vai além e conta que entre os objetivos da Britânica está a transformação das crianças em "aprendizes digitais". Para isso é preciso captar recursos, desenvolver dispositivos digitais de alta qualidade, para que seja possível customizar o aprendizado. ?Promover a educação digital não somente é algo bom, mas é uma necessidade. É bom para o país?, afirma.
Tendências: quadro negro interativo
A estratégia da Britânica ao longo de 15 anos é voltada para produtos digitais e alguns dados justificam a decisão. Em um paralelo entre o crescimento das editoras que possuem estratégias digitais contra aquelas que não têm ? as que possuem estratégias crescem 60%, as que não possuem apenas 2%.
Há outros recursos que podem ajudar no aprendizado das crianças, como o quadro negro interativo, por exemplo, foram citados ? nos Estados Unidos, o alcance desse equipamento chegou a 58% das salas de aula americanas em 2013, contra 28% em 2009.
Uma análise dos impactos no mercado das tecnologias digitais apresentados por Michael Ross está ligada à interação entre alunos e as máquinas. Quanto mais baixa a relação de aluno por computador, melhor o desempenho do aluno, menor a taxa de abandono das disciplinas e melhor aproveitamento da aula. O estudo foi retirado do Project RED 2010.
O fim da enciclopédia clássica
Ross disse que a versão clássica e impressa da Enciclopédia Britânica acabou em fevereiro de 2012, após muitos anos de existência. A mudança gerou questionamentos sobre a possibilidade dos e-books substituírem obras impressas. ?Não é uma questão de perda, mas de ganhos. Não nos preocupamos em manter as impressoras vivas e trabalhando. Se não forem eficientes, mudamos ?, afirma.
Acima da questão do papel e e-book, as preocupações da Britânica giram em torno do conteúdo e da forma como os especialistas contribuem para elaborar um material de qualidade. "O novo conteúdo" deve ser confiável e as informações atualizadas e relevantes, deve também haver variedade de formatos, assim como soluções tecnológicas atualizadas, serviços customizado e um preço realista.