Um homem de 29 anos foi preso sob acusação de ter iniciado o incêndio que devastou a região de Pacific Palisades, em Los Angeles, no início de 2025. O desastre deixou 12 mortos e mais de 6 mil casas destruídas, sendo considerado um dos mais devastadores da história da Califórnia. O suspeito, Jonathan Rinderknecht, teria deixado rastros digitais que ajudaram os investigadores a chegar até ele, entre eles, uma imagem gerada pelo ChatGPT retratando uma cidade em chamas.
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos afirmou que a ilustração foi encontrada nos dispositivos do suspeito, tornando-se uma das principais provas no caso. Rinderknecht foi preso na Flórida, onde vivia desde pouco depois do incêndio, e enfrenta acusações de destruição de propriedade por meio de fogo, podendo também responder por homicídio.
O incêndio e seus impactos
O fogo começou no dia 1º de janeiro, em uma trilha de caminhada na região de Pacific Palisades, e rapidamente se espalhou, alimentado por ventos fortes e vegetação seca. Ao todo, 23 mil acres (mais de 9 mil hectares) foram queimados, causando prejuízos estimados em US$ 150 bilhões (cerca de R$ 800 bilhões). O incêndio destruiu bairros inteiros e afetou também áreas de Topanga e Malibu, onde diversas celebridades, como Mel Gibson, Paris Hilton e Jeff Bridges, perderam suas casas.
Durante coletiva de imprensa, o procurador interino dos EUA, Bill Essayli, afirmou: “Esperamos que a prisão traga alguma justiça a todos os afetados”. Autoridades reforçaram que novas acusações poderão ser apresentadas conforme o avanço da investigação.
As evidências encontradas
De acordo com a acusação, Rinderknecht conhecia bem a área do incêndio, já que havia morado próximo à trilha onde o fogo começou. Ele teria usado uma chama aberta após terminar uma corrida como motorista da Uber na véspera de Ano Novo. Dados do seu celular o colocam exatamente na região no momento em que as chamas começaram.
Além disso, foram encontrados vídeos gravados por ele mostrando bombeiros tentando apagar o incêndio e mensagens suspeitas trocadas com o ChatGPT, como quando perguntou: “Você é culpado se um incêndio for causado por seus cigarros?”
As autoridades acreditam que o suspeito tentou criar provas falsas para parecer inocente, registrando ligações ao 911 e gravações de tela de tentativas de contato com os serviços de emergência.
O papel do ChatGPT
A ferramenta de inteligência artificial se tornou peça-chave nas investigações. Meses antes do incêndio, Rinderknecht teria pedido ao ChatGPT para gerar uma “pintura distópica” mostrando uma floresta em chamas e pessoas fugindo do fogo, com a descrição de que “os ricos observavam enquanto o mundo pegava fogo”.
Em outra conversa, ele escreveu: “Eu queimei a Bíblia que tinha. Foi uma sensação incrível. Me senti tão livre.” Segundo os investigadores, esse histórico reforça o perfil perturbado e obcecado por fogo do acusado.
Falhas e lições do desastre
Após a tragédia, o Corpo de Bombeiros de Los Angeles (LAFD) publicou um relatório revelando falhas na resposta ao incêndio. O documento apontou escassez de recursos, demora nas ordens de evacuação e problemas de comunicação entre as equipes. O chefe interino do LAFD, Ronnie Villanueva, afirmou que o episódio servirá para “fortalecer a confiança do público” e que novas medidas já estão sendo implementadas para melhorar o preparo da cidade diante de futuros incêndios florestais.
Enquanto isso, o governador Gavin Newsom declarou que a prisão de Rinderknecht representa um passo importante para dar um desfecho às vítimas e garantiu apoio total às investigações federais sobre o caso, que chocou os Estados Unidos e expôs a nova fronteira entre crimes reais e rastros digitais deixados por inteligências artificiais.