Com narradores no mesmo estilo de um jogo de futebol e comemorações parecidas com a de um gol de final de campeonato, cerca de 3 mil pessoas estiveram, neste domingo (20), nas semifinais do Campeonato Brasileiro de ?League of Legends?, o jogo on-line mais jogado no momento.
O torneio começou em abril e já teve etapas em Porto Alegre e em Fortaleza. A premiação total é de R$ 100 mil. O time vencedor receberá R$ 55 mil. A equipe vencedora da final brasileira, que será no dia 26 de julho, no Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, terá a chance de disputar uma vaga para a final mundial, nos dias 31 de agosto e 1º de setembro, em Seattle, nos Estados Unidos.
?A reação do público é apaixonada. Sabemos que os brasileiros gostam de jogos, games e esportes e queríamos levar o evento para fora de São Paulo?, afirma Roberto Servolino, gerente geral da Riot Games Brasil.
No League of Legends, as partidas são compostas por duas equipes com cinco jogadores. Cada jogador escolhe um personagem com habilidades únicas e eles entram em uma arena para se enfrentar. Cada etapa é disputada no formato melhor de três, ou seja, o time que vencer duas partidas se classifica para a próxima etapa. Em caso de empate, uma terceira partida é disputada.
3 anos de jogo
A primeira semifinal foi entre as equipes CNB e paiN. O time da CNB está junto há cerca de 1 ano e meio, segundo Leonardo Belo, de 24 anos, conhecido como ?Alocs?. Ele começou a jogar há três anos, quando não havia esse tipo de competição. ?Não existia esse cenário, era um campeonato entre amigos que não valia nada. Agora, treinamos cerca de 7h30 por dia, com uma rotina de treinos puxada.?
Thulio Carlos, de 21 anos, é da equipe da paiN e joga profissionalmente há quase três anos. Ele mora em uma game house há mais de 1 ano e lá treina e estuda o ?League of Legends? todos os dias. Segundo ele, os treinamentos começam às 9h e só paramos lá pela meia-noite, com as pausas para café da manhã, almoço e jantar. ?Existe um estudo teórico também. Assistimos vídeos dos adversários e montamos estratégias?, diz.
Sobre a pressão do jogo, Carlos ressalta que os jogadores precisam saber lidar com essa variável. ?O psicológico tem que estar pronto. Não podemos ter medo de fazer alguma coisa.?
A segunda semifinal foi entre Keyd e KaBuM. O time da Keyd foi para Europa para um treinamento de três semanas, segundo o técnico Renan Philip, de 19 anos. ?Acredito que o time está bem preparado para ganhar por termos ido para fora. Pudemos usar tudo o que sabíamos, sem ter que esconder o jogo.?
Com seu trabalho atual, Philip conseguiu unir seus dois sonhos de criança: ser técnico de futebol e testador de games.
Para Pedro Luis Marcari, de 18 anos, do time KaBuM, são os detalhes que vão fazer um time ser melhor que o outro. ?A gente se dedica bastante e, para chegar aqui, todos têm que ser bons. A expectativa é sempre de ganhar, porque se for para entrar com medo é melhor nem jogar?, ressalta. Ele joga há cerca de três anos.
Até a publicação desta reportagem não foram definidos os finalistas do campeonato. A última partida deve ser realizada até as 20 horas deste domingo.
Cosplay
Leticia Silva, de 20 anos, foi vestida como a personagem Miss Fortune do ?League of Legends? e gostou do ?assedio? dos fãs durante o evento. ?É muito divertido, as pessoas vêm tirar fotos. Mesmo assim consegui ver algumas partidas?, diz.
Também de Miss Fortune, Cecilia Benazzalo, de 23 anos, começou a jogar com essa personagem há cerca de quatro anos. Ela faz cosplay há 10 anos de game e anime. ?Vim ontem para assistir as partidas, mas hoje vim só pelo cosplay mesmo.?
Já Cinthia Vieira, de 21 anos, foi de Sona Fliperama. ?É uma das minhas personagens favoritas porque ela é uma musicista e eu toco um pouco de flauta?, diz. Sobre a adoração dos fãs pelo jogo, ela diz que a grande opção de personagens torna o LOL mais popular. ?Ele tem personagens com que as pessoas se identificam e isso traz mais jogadores?.
Leonardo Rinaldi, de 20 anos, foi como o personagem Twisted Fate em seu primeiro campeonato de LOL. ?Aqui aprendemos novas técnicas com os jogadores e pegamos diversas referências.? Sobre o cosplay, ele também gosta do reconhecimento. ?É divertido e é bom ver que as pessoas reconhecem o que fazemos e gostam.?
Junto com sua mãe, Taina Ienyki, de 23 anos, estava de VI. Ela faz cosplay há nove anos e joga LOL há três. ?Quando as pessoas realmente veem o personagem em mim, me sinto com o dever cumprido?, conta. Sua mãe Mariangela Santiago, de 59 anos, acompanha a filha em todos os eventos. ?Eu incentivo bastante, porque é um ambiente muito legal.?
Daniele de Castro, de 15 anos, veio do Rio Grande do Sul para ver o campeonato. Vestida de Annie Panda, ela fez seu primeiro cosplay neste domingo. ?Escolhi essa personagem porque ela é a que mais combina comigo. É muito legal ser chamada pelo nome da Annie e também tirar fotos?, afirma.
Fãs
Jonas Guilherme, de 20 anos, joga há cerca de 1 ano e adorou o clima do campeonato. ?Aqui você não tem uma torcida, todo mundo comemora quando boas jogadas são feitas?, diz.
?Aqui é bem mais legal?, ressalta Guilherme Batelli, de 19 anos, sobre ver os jogos ao vivo ao invés de acompanhar o campeonato on-line.
Erick Vinicius, de 19 anos, comemora a evolução do cenário de games no país. ?A cada campeonato vemos a evolução dos times e isso é ótimo para o esporte?, afirma.
Já Huddson Pereira, de 22 anos, pretende, em breve, trocar de lado e estar entre os jogadores profissionais. ?Estou treinando muito para isso?, conta. Ele estava no campeonato com os amigos: Andre Felipini, de 22 anos e Leticia Boaroli, de 15 anos.