A falta de tempo foi o principal motivo para a designer brasileira, Luiza Silva, criar uma impressora 3D de comida. Com codinome de Atomium, o produto usa identificação biométrica para reconhecer o perfil do usuário e acessar seus dados pessoais, tais como o exame médico e atividades diárias, se ele faz exercícios ou é sedentário, e que podem influenciar o equilíbrio nutricional da pessoa.
Se a ideia parece saída de um filme de ficção, seu objetivo não é novo: comer bem, e de forma prazerosa. Não por acaso, o Atomium ?imprime? alimentos considerando o sabor e a forma que mais agradam ao usuário, e escolhe os ingredientes mais nutritivos para cada refeição.
A pesquisa para compôr o painel nutricional do Atomium foi intensa, e a designer descobriu que todos os alimentos são compostos de 20 tipos, que vão da proteína, ao potássio e zinco. Assim, o preparo seria feito baseado nesses tipos.
Segundo Luiza, a ideia nasceu de uma previsão pessimista sobre o futuro das famílias. ?Eu identifiquei um problema com as famílias, delas não serem capazes de encontrar espaço para atividades pessoais.? A designer imagina que o trabalho vai consumir a vida dos pais, e por isso seus filhos podem não ter um acompanhamento adequado para aprender a se alimentar.
De acordo com o conceito do projeto, o objetivo é trazer mais interação entre a família na hora das refeições, já que a facilidade em prepará-las e a satisfação em comer aquilo que você mais gosta, faz a cozinha ser um ambiente convidativo para todo mundo.
A designer já experimenta o sabor de sua invenção. ?Eu posso imaginar voltar para casa depois do trabalho e indo para a cozinha, onde eu iria encontrar Atomium e ter acesso a informações sobre o alimento que foi preparado hoje. Ele me permitiria ver o que meu filho criou e comeu, incluindo o sabor, valor nutricional e a forma. Durante a semana eu provavelmente prepararia comida para a família sozinha, mas no fim de semana, criar refeições saudáveis e criativas com a família no Atomium ia ser bem divertido?.
Para se chegar a versão final do que antes era apenas uma ideia maluca, Luiza fez pesquisas com 40 crianças (entre 5 e 10 anos) em duas escola no Brasil. ?Eu queria saber sobre o que eles pensavam sobre o futuro de cozinhar?, conta a designer. A reação delas foi o ingrediente que faltava.
Dividas em grupos, elas foram submetidas a um teste simples: comer um sanduíche. o grupo que comeu um sanduíche em forma de carrinhos, e bonecas não se importou por nele conter verduras, por exemplo, a inimiga mortal de qualquer criança. ?As crianças são motivadas a comer quando a comida e o contexto da refeição são brincalhões. Eles pararam de pensar em como eles não gostavam de frutas e verduras, mesmo quando nunca tinha experimentado isso antes?, concluiu Luiza. As crianças também responderam que no futuro, acham que tudo será feito por controle remoto.
A paixão pelo design de Luiza a fez enxergar um futuro mais virtual, mas nem por isso artificial, porque a base de sua inovação é bastante atual. ?O Atomium transforma o processo de refeição em seu real significado: preservar a integração da família?.
O projeto ?bom de prato? é semifinalista do Electrolux Design Lab.